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Vida como ela é – a lógica do status quo

A lógica do status quo é realmente poderosa. Ainda me surpreendo com ela quando rompo a minha própria e tiro um tempo para refletir sobre certos comos e porquês.  Somos moldados desde quando fazemos parte apenas de um imaginário a sermos do jeito que devemos ser, a agirmos da forma como julgam adequado, a sonharmos com metas pré-determinadas e a aceitarmos “a vida como ela é”.

Pois bem. A vida-como-ela-é é assim… nascemos, crescemos, frequentamos o colégio, buscamos a glória do diploma da faculdade e depois a estabilidade de um trabalho adequado que carregue em suas 8 horas diárias a permissão para mantermos uma família idealizada com hábitos de consumo bastante questionáveis. Tudo bem, tudo bem… nem todo mundo é assim, é claro. Mas a tal lógica do status quo, fantasiada de um cliché sufocante mascarado nas cobranças daquela tia avó na festa de Natal que não consegue entender o-que-você-com-25-anos-está-fazendo-que-ainda-não-tem-uma-noiva-e-não-está-empregado-numa-grande-corporação, acaba colocando um pesinho nas asas até dos mais sonhadores. (Aliás, pare e reflita: a tal lógica é tão, mas tão poderosa, que até mesmo a vida-como-ela-é que aqui questiono é um privilégio, um privilégio de pouquíssimos).

Enfim. A vida-como-ela-é pode não ser muito prazerosa, e em grande parte das vezes, é bastante cansativa. Mas é assim… fazer o quê? Faz parte: essa lógica nos impõe trocas. Se você quer ser feliz, precisa consumir. Se quer consumir, precisa trabalhar. E se precisa trabalhar, bem… não dá para exigir prazer do nosso campo profissional, não é mesmo? Por isso, somos moldados a acreditar que certos sacrifícios são, além de aceitáveis, justificáveis. E a vida-como-ela-é continua assim sendo, até não ser mais.

Pois bem. Não aguentei deixá-la ser até deixar de ser. A minha vida só foi como-ela-é por duas décadas. No auge dos meus 20 anos, percebi que meus sacrifícios não eram justificáveis. Que não havia nada de aceitável em uma rotina diária de cinco horas numa faculdade que pouco me inspirava, seis num trabalho que eu detestava e mais três num trânsito que só não era mais detestável porque parecia, de certa forma, uma metáfora da minha própria vida: parada ou perseguindo trajetórias pré-determinadas.

Olha, você não precisa acreditar em Deus, mas tendo a dizer ser impossível escapar da crença numa força incrível que rege o universo e que nos coloca exatamente onde precisaríamos estar. Foi essa força que me colocou diante de um post no Facebook, no dia 16 de junho de 2015, que, no auge dos meus 20 anos, no auge dos meus sacrifícios questionáveis, me apresentaria uma lógica que deixava o status quo – da vida e do mundo – no chinelo.

Equipe de projetos da Benfeitoria CONTRATA!

Completei, neste mês, um ano imersa em vida nova. Um ano de vida-como-eu-quero-que-seja. Um ano de empoderamento: o meu caminho de trabalho, de prazer, de sonho, de consumo e de ação é benfeitor.

Tendo a acreditar que a Benfeitoria não é só uma empresa que disponibiliza e inova, como negócio, uma dinâmica inegavelmente poderosa: o financiamento coletivo. Muito mais do que isso, a Benfeitoria é como time e corpo orgânico uma dinâmica própria tão poderosa quanto. Somos e tentamos ser a mudança que queremos ver no mundo, a vivência em si da cultura que queremos fomentar: do carinho, do cuidado, da colaboração.

Encontrei no meu ano benfeitor, não colegas de trabalho, mas amigos e companheiros de caminhada. Encontrei no meu ano benfeitor não só a oportunidade de dar consultoria para a arrecadação dos projetos deslancharem, mas a minha oportunidade própria de arrecadar felicidade e esperança em forma de histórias lindas e relatos de sonhos realizados. Encontrei no meu ano benfeitor a consolidação do meu sonho de empatia e propósito vividos em tempo integral – e em âmbito profissional – e mandei um beijinho no ombro para todos que me disseram que isso não era possível. Encontrei no meu ano benfeitor inspiração suficiente para dar para todos aqueles que mesmo fora da Benfeitoria querem levar um pouquinho da cultura benfeitora para suas vidas e trabalhos.

Hoje, a rotina de cinco horas na faculdade se mantém e se encaminha para o fim, as seis horas no trabalho ainda existem – com muito prazer, e o caminho de volta para casa é em cima da bike. Se o trânsito de antes era metáfora, a bicicleta também o é: sou eu a dona da minha velocidade e do meu caminho. E mais: estou com a vida-como-eu-quero-que-seja em movimento. Vivo há um ano a mudança benfeitora que quero ver.

Sai do trânsito você também!