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(re) construção

No último mês de julho, ganhamos uma viagem incrível! Foram 6 dias em acomodações especiais, com direito a comida local, experiências divertidas, emocionantes e desafiadoras. Conhecemos um pouco da cultura da região, fizemos amigos, deixamos um pedaço de nós e trouxemos um tanto deles também. Daquelas experiências que mudam a vida, sabe? Então.

Mas para viver tudo isso, precisamos deixar de lado também uma espécie de óculos especial que ganhamos muito cedo em nossas vidas. Um óculos, que nos foi dado ainda na infância, que faz com que a gente simplesmente não veja certas coisas. Algumas outras ficam mais coloridas e destacadas, gerando uma certa distorção na nossa percepção.. É como se esses óculos do privilégio editasse a nossa visão, criando uma proteção meio doida, privilegiando algumas coisas em detrimento a outras.

Mas a nossa agência de viagem, o Teto Brasil, faz um trabalho lindo para a retirada desses óculos, com direito a rituais de celebração e tudo. Nosso destino? Parque das Missões (PQM), em Caxias, na baixada fluminense, pertinho da gente, a mais ou menos uma horinha do centro do Rio.

Algumas pessoas, que ainda estão muito apegadas a esses óculos, só conseguem ver alguns tristes dados associados a PQM. Como por exemplo, o crescente número de casas feitas de sobras de madeira, o esgoto irregular e o lixo que são jogados no Rio Meriti que beira a comunidade, o irregular e insatisfatório fornecimento de água potável e pouca oferta de escolas… Mas, sem nossos costumeiros óculos pudemos ver muito mais! A gente viu muitas pipas voando, partidas disputadíssimas de futebol, gente dançando na rua, comida simples e saborosa (e que saudade do sacolé da Regina!), histórias incríveis, sorrisos e abraços sinceros e muitas lágrimas de gratidão.

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Foto: Ana Moreno / Teto Brasil

Durante a nossa viagem ficamos hospedados em uma espécie de palácio. Alguns chamam de creche local, talvez pela decoração com pinturas de crianças, carteiras empilhadas, abrindo espaço para as nossas luxuosas camas: sacos de dormir, colchonetes, colchões de ar. Nós, turistas, éramos responsáveis também, pelas nossas dependências – limpar, arrumar, lavar… – coordenados pela Intendência, a equipe cheia de amor e carinho que cuidava de todos nós.

Nosso tempo era preenchido com diversas atividades! Voltamos ao tempo de criança, literalmente! Brincamos de construir casinhas. Mas como somos já crescidos, fizemos casas grandes, né? Carregamos, martelamos, rolamos na terra, suamos, fizemos piadas e gargalhamos por 6 dias inteiros. Chegando no nosso palácio, mais atividades: dessa vez conduzidas pelas CEs (chefes de escola) que até nos pregaram peça, fazendo a gente pensar um tanto sobre tudo que estávamos vivendo ali, desconstruindo pedaço por pedaço dos nossos antigos óculos. Com essas atividades imergimos na riquíssima cultura local, uma cultura de colaboração, pertencimento e música. Talvez tenhamos voltado mais malemolentes no quadril depois de tanto funk. 😉

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Foto: Ana Moreno / Teto Brasil

Em algum momento, na nossa arrogância, chegamos a acreditar que essa viagem era apenas para ajudar algumas pessoas que precisavam. Mas voltamos com a certeza de que foi muito mais do que isso. Desmontar nossos óculos foi uma maneira de reajustar nossa visão sobre o mundo que nos cerca. As lágrimas que caíram no processo foram os olhos se acostumando com a ausência dos óculos, usados por tanto tempo. Mas, de uma forma geral voltar de viagem trouxe uma sensação de leveza e saudade.

Temos muitos amigos com óculos parecidos. E sabemos que não é por mal. Vai que um dia desses eles pilham de fazer uma viagem tipo a nossa e têm a sorte de tirá-los, também?

Vai saber.

by Luka e Murillo


No mês de julho participei de uma experiência única: o TDI – Trabalhos de Inverno, da Teto Brasil. Foram 6 dias construindo casas de emergência em conjunto com moradores e outros voluntários no Canal do Anil, zona oeste do Rio de Janeiro.

Tirei alguns dias de férias do trabalho, achando que iria dedicar um pouquinho do meu tempo para ajudar algumas famílias que precisam de uma casa para morar. Mas a verdade, é que foi mais do que isso.

Nesses dias conheci pessoas maravilhosas, com as quais eu tive a oportunidade de trocar experiências e valores de uma forma tão leve e carinhosa.

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Foto: Jessica Mello / Teto Brasil

Trouxe, comigo, um pouco da garra e amor daqueles moradores, da simplicidade das crianças que brincavam despretensiosamente na rua e do brilho no olho dos voluntários cada vez que um piloti entrava no nível. Deixei um pedacinho de mim no Anil.

Essa construção permitiu que eu começasse a enxergar uma nova realidade. Permitiu que eu me enxergasse de uma nova forma, também.

Depois dessa semana, minhas esperanças em uma comunidade colaborativa e mais unida, foram renovadas. Com certeza, minha fé na mudança ficou mais forte.

Sou muito grata por essa experiência apaixonante e transformadora.

Muito, muito obrigada! ❤

by Yasmim Figueiredo


Esses dois textos são resultados da parceria entre o Teto e a Benfeitoria, que juntos proporcionaram a experiência de participar do TDI – Trabalhos de Inverno para três Sócios Benfeitores: Yasmin, Murillo e Luka, autores desses relatos. Os três sócios benfeitores ficaram seis dias em comunidades do estado do Rio de Janeiro participando da construção de casas de emergência junto com outros voluntários e moradores dessas comunidades.

Para ver as fotos da construção de Parque das Missões, acesse o álbum completo aqui e para ver as fotos da construção do Canal do Anil, acesse o álbum completo aqui.
Para saber destas e outras atividades realizadas pelo Teto Brasil você pode acessar o site aqui e para se voluntariar você pode se cadastrar aqui. O programa Sócio Benfeitor é a campanha da Benfeitoria que reúne pessoas que desejam estar mais próximos do nosso trabalho, para conhecer mais acesse o link da campanha aqui.