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Comissão livre: “Como a Benfeitoria ganha dinheiro?”

“E como vocês se sustentam?”

Essa é sempre a primeira pergunta que ouvimos quando falamos sobre o nosso modelo de negócio. Isso acontece porque, diferente das plataformas de financiamento coletivo mais comuns, a Benfeitoria optou por não cobrar comissão obrigatória dos projetosE foi a primeira do mundo a fazer isso.

Mas como a gente se sustenta então, se a principal (ou a única) fonte de receita das plataformas é exatamente a comissão?

Resolvemos arriscar (e apostar) num modelo de comissão livre, que significa que não obrigamos ninguém a pagar, mas convidamos todos a contribuir para a Benfeitoria continuar existindo. Podemos chamar também de colaboração espontânea, contribuição consciente, comissão voluntária, mas tudo quer dizer a mesma coisa: você colabora com o quanto quiser.

Esse caminho, em grande parte, se baseia em três premissas. Em primeiro lugar, na premissa de que temos que agir junto com as pessoas (co-missão, como gostamos de dizer). Em segundo lugar, de que a Benfeitoria só faz sentido se as pessoas quiserem que ela exista. E, por fim, na premissa de que, ao estimular o questionamento, as pessoas se tornem mais conscientes quanto à sua colaboração.

Por isso, hoje temos basicamente três fontes de receita que vêm diretamente das pessoas que interagem com a plataforma:

1- Comissão livre do realizador.
Ao financiar um projeto na Benfeitoria, você opta por contribuir com o nosso trabalho, com o valor que quiser. Além do serviço online, nossos principais diferenciais são o nosso atendimento aos realizadores e nossa metodologia de campanha. Cuidamos de cada projeto de uma forma única, e acreditamos que este é um dos motivos para a nossa taxa de sucesso ser estrondosamente alta: 70% das campanhas são bem sucedidas na Benfeitoria (versus 40% de média do mercado).

Acreditamos que os realizadores enxergam esse cuidado e atenção e, por isso, podem contribuir de forma voluntária. E esse é o primeiro pilar do nosso modelo de negócios.

2- Comissão livre = contribuição espontânea do colaborador.
Quando uma pessoa contribui com um projeto na plataforma, ela pode contribuir financeiramente também – com quanto quiser – com a Benfeitoria. O sistema é parecido com o primeiro, mas funciona a cada pagamento que é feito no site. Sugerimos alguns valores de referência (inclusive zero) e cada um pode escolher o quanto achar justo.

Um dos grandes trabalhos aqui é explicar toda essa proposta de forma muito sucinta. Diferente do nosso relacionamento com o realizador, que dura meses, aqui temos alguns segundos para comunicar tudo que está por trás deste convite. Não é a toa que esse é nosso maior quintal de experimentações. Fazemos muitos testes para saber o que funciona e o que não funciona. Hoje, quase 50% dos colaboradores contribui com algum valor para a gente, um número que nos enche de orgulho!

3- Sócios-Benfeitores.
Por fim, temos um programa de relacionamento a longo prazo, que chamamos de Sócio-Benfeitor, um experimento que já explicamos aqui no blog. São pessoas que toparam apoiar a Benfeitoria com um valor mensal, em um esquema de financiamento recorrente. Atualmente, são mais ou menos 130 pessoas que contribuem com valores entre R$15 e R$200 por mês.

Os Sócios-Benfeitores formam uma comunidade que participa de decisões da Benfeitoria, cria pontes e troca referências com a gente. Muito mais do que um apoio financeiro, eles são nossa rede de suporte.


Mas não para por aí.

Nosso modelo de negócios vai além disso. Desde o primeiro dia de vida da Benfeitoria dizemos que a transição para uma nova economia – mais humana, criativa e colaborativa – só é possível se unirmos todas as esferas sociais. Por isso, estamos sempre convocando empresas, instituições acadêmicas e o governo para pensar projetos em conjunto. Em 2013 e 2014 fizemos o Rio+ e o Reboot.

E, a partir de 2015, inauguramos o Matchfunding, uma modalidade de financiamento coletivo na qual um parceiro institucional faz um investimento significativo em projetos selecionados, fomentando um tema específico. E, assim, nasceram os canais Natura Cidades, Primeiro Passo, Sebrae RJYousers e Colorado.

Por tudo isso, é muito importante enfatizar que comissão livre não é o mesmo que serviço gratuito. Precisamos dessas contribuições das pessoas para continuar fazendo o nosso trabalho, e muito felizmente esse número se torna cada vez mais significativo. Queremos construir um significado coletivo para o nosso modelo de negócio. Queremos que as pessoas reflitam sobre o valor do seu dinheiro, e sobre como e onde o investem.

A Benfeitoria é, em sua essência, construída pelas pessoas que fazem parte dela, seja construindo um relacionamento de longo prazo, seja interagindo pontualmente com a plataforma. Ela só se banca se fizer sentido para quem interage com ela. E por ser essa construção coletiva, esse é o modelo de negócios que encontramos para ela.

Comissão livre Como a Benfeitoria ganha dinheiro

Como diz a Amanda Palmer na sua palestra no TED, às vezes estamos acostumados a fazer a pergunta errada. Em vez de “como fazemos as pessoas pagarem por isso?”, poderíamos nos perguntar “como deixamos que as pessoas paguem por isso?”. Essa pequena mudança transforma tudo.