Arquivo de categorias para "Colaboração e Criatividade"
Elas por Elas – 13 TEDs de Mulheres Negras para te inspirar
A Benfeitoria tem uma equipe apaixonada por TED, que são conferências com o objetivo de disseminar ideias que merecem ser compartilhadas. São vídeos curtinhos que circulam pela internet apresentando histórias, projetos, pessoas e questionamentos que geram reflexões. Para conhecer mais mulheres negras com projetos e ideias transformadoras, resolvemos pedir indicação para a nossa rede de mulheres. Pedimos vídeos que nos apresentasse um pouco mais o universo da mulher negra, que é infinito. Depois de tantas indicações maravilhosas e grandes aprendizados, decidimos compartilhar essa lista de TED com cada uma de vocês. Aproveitem! 1 – O mito de ser feliz fazendo o que ama | Monique Evelle | Indicação: Talita Santos 2 – A mulata que nunca chegou | Nátaly Neri | Indicação: Sthefany castro 3 – Não desiste, negra, não desiste! | Mel Duarte | Indicação: Mary Cerqueira 4 – Afroempreendedorismo | Ana Karoline Lima | Indicação: Jamile Menezes 5 – Eu Empregada Doméstica | Preta Rara I Indicação: Cecília Godoi 6 – Ressignificando Conceitos Para Reconstruir Histórias | Priscila Gama | Indicação: Sthefany castro 7 – Eu quero poder ser fraca | Stephanie Ribeiro | Indicação: Sthefany castro 8 – Tá bom pra você? | Kenia Maria | Indicação: Sthefany castro 9 – When Black women walk, things change | T. Morgan Dixon and Vanessa Garrison | Indicação: Karina Vieira 10 – O racismo, quando não nos mata, nos torna inseguras | Karina Vieira 11 – O jovem da favela não é carente, é potente | Ana Paula Lisboa | Indicação: Karina Vieira 12 – Uma jornada na busca por identidade e propósito | Juliana Luna | Indicação: Karina Vieira 13 – The Story We Tell About Poverty Isn’t True | Mia Birdsong | Indicação: Karina Vieira Reserve um tempinho, prepare uma pipoca e mergulhe nesse universo.
Ser mulher na Benfeitoria, um relato pessoal
No dia da mulher, eu resolvi invadir esse espaço da Benfeitoria e falar sobre o meu ser mulher. O meu ser, em primeira pessoa, mas com objetivo de compartilhar minhas lutas, minhas dores, meu feitos feministas. Nesse lugar, eu quero tentar encontrar, na minha particularidade de ser mulher, um movimento coletivo. Eu sou Larissa, nascida em Salvador. Há 04 anos trabalho na Benfeitoria e, coincidentemente ou não, me chamo de feminista. Ao longo da adolescência, aprendi um conceito muito importante para a minha família: que existiam as mulheres para casar e existiam “as outras”, e que eu precisava ser essa mulher que sabe fazer tarefas domésticas, que se veste recatada e se preserva. E, dentro desse conceito de mulher, eu nunca me encaixei. Ainda no meio da faculdade, na tentativa de me descobrir, saí do nordeste e me mudei para o Rio de Janeiro e, por sorte e privilégio, encontrei a Benfeitoria. E foi aí que eu comecei a dar os primeiros passos para me entender mulher. Trabalhar em uma plataforma que viabiliza diversos projetos me possibilitou conhecer mulheres que empreendem, que fazem partes de coletivos feministas, que fazem pequenos projetos para gerar reflexão, que fazem grandes projetos para impactar um montão de gente. Mulheres que fazem de tudo! Nem todas sabem, mas eu me aprendi com cada uma delas! Eu me inspirei com a Élida, que empreendeu o afrôbox, com o alcance e discurso do com o coletivo Não é Não, com as conquistas da Daiene… Eu me inspirei com as mulheres da Think Olga e da ONU Mulheres, que ajudaram a impulsionar uma série de projetos transformadores no Canal Mulheres de Impacto. Eu me inspirei com as mulheres da minha equipe e, agora, eu estou aprendendo, refletindo sobre o lugar na sociedade e me inspirando com o Canal Negras Potências. E, no meio de tanta mulher incrível, eu me inspirei para fazer o meu próprio projeto, o Tô Na Rua, Mas Não Sou Sua. Eu me percebi mulher, uma verdadeira mulher, quando entendi o feminismo! Eu aprendi que a definição de mulher na qual eu não me encaixava vem de uma construção social que continua se reproduzindo e oprimindo tantas de nós. Eu entendi que os nossos direitos precisam ser iguais, que a minha liberdade é igual. Eu me vi mulher, entendi e parei de aceitar julgamentos e opressões sociais. Eu me vi mulher quando o feminismo me salvou e eu me senti livre. No ser mulher, também existe a relação social com o outro, com o ser homem. E, na minha crença desse ser mulher, acredito que os homens fazem parte dessa mudança, que o dialógo se faz necessário para que haja uma real reflexão e transformação. Uma reflexão que respeite o meu ser, a minha liberdade. A gente vai aprendendo com a vida, a gente vai entender o porquê determinados termos são machistas, o motivo de determinados ditados e palavras serem ofensivos. Eu sou do tipo que se importa com as palavras, que aponta o dedo e diz para qualquer um “essa expressão é totalmente machista”, porque acredito muito que questionar termos é também questionar a origem e a estrutura social. Poderia listar aqui vários pontos que me fazem acreditar na equipe da Benfeitoria, mas esse daqui é daqueles corriqueiros e que dá um orgulho danado: ver todos os homens da minha empresa tentando entender o nosso ponto, refletindo sobre nossos questionamentos e evoluindo. É estatístico que as mulheres ocupam menos os espaços de poder dentro das empresas, mas aqui – como mulher feminista – sinto orgulho de dizer que esses espaços são igualitariamente compartilhados e as pessoas estão sempre abertas a discutir, escutar, refletir e evoluir. No meio de tudo, ser mulher é ser forte, é ser guerreira. Ser mulher é lutar diariamente. Lutar contra o assédio nas ruas, lutar pelo direito do seu próprio corpo, lutar pelo seu lugar no mercado de trabalho, lutar dentro de casa sobre a divisão de tarefas. Ser mulher é manter a sua força e mostrar que ser mulher é ser livre, é ser dona de si. Como mulher, venho existindo e resistindo. E acredito que esse movimento é, sim, coletivo! Nós vamos continuar a nossa luta, estaremos presentes e transformando a nossa sociedade em um lugar igualitário. E espero, como mulher, poder ajudar tantas outras mulheres com sonhos e projetos. E ah! Vale sempre lembrar: o futuro é feminista.
Crianças, já pra fora!
No ano passado terminamos o post em comemoração ao dia das crianças com a provocação: PRECISA CONTINUAR CRIANÇA PARA CONTINUAR SONHANDO? Esse ano celebramos o dias das crianças com o nascimento de um sonho de mãe e a mais nova cria da Benfeitoria, que mostra que podemos continuar sonhando como crianças, mesmo crescidos. A BEBÊNFEITORIA é um negócio social que nasceu de um sonho da Tati, nossa fundadora, voltado para ajudar mulheres na dupla missão de criar filh@s melhores para o mundo – e um mundo melhor para os filh@s. Um sonho que ganhou vida através de 88 Benfeitores que colaboraram na campanha de financiamento coletivo – com 2 metas batidas – e de uma parceria com a Touts. Dá só uma olhada! Celebrando os Bebênfeitores Nesse Dia das crianças apresentamos a primeira coleção Bebênfeitoria de bodies para bebês que trazem provocações de mudanças ou “Reboots” de comportamentos que precisamos adotar com nossas crianças, em forma de frases para vestir! Podemos apostar que você adoraria olhar uma foto sua de infância usando algum desses! ? Pense num serzinho capaz de reprogramar toda uma vida? Acreditamos que as crianças re-pro-gra-mam nossas vidas – e certamente serão as responsáveis por reprogramar o mundo. Como diz a Tati, Maternidade e paternidade: o maior Reboot que podemos viver. Infância: um período único de descobertas e curiosidades, quando tudo ainda era muito novo pra nós. Crianças são beta testers desse mundão. Fica a reflexão: bebês precisam ser educados ou acolhidos? E acolher é também sobre conviver, em vez de competir. É sobre inspirar as novas gerações a ter cuidado ao agir, sem dúvidas de que, na vida, devemos amar pessoas e usar coisas. Nunca o contrário. E fechamos com um body provocador, pra fazer pensar. Nascemos com infinitas possibilidades =) E não é preciso ter pouca idade para se permitir ser transformad@ pela sua criança interior. Enquanto puder sorrir e brincar, ainda há tempo! Coloque seus sonhos em prática! E se precisar de uma ajuda, o Financiamento Coletivo é uma alternativa. Saiba mais em benfeitoria.com FELIZ DIA DAS CRIANÇAS! Visite a Loja e conheça a coleção completa e a proposta do projeto em: bebênfeitoria.com Se inspire e conte para outras mães! Bônus track – ou porquê o título desse post é crianças, já pra fora? Inspirada no TEDx do pediatra Dr. Daniel Becker – sobre os pecados cometidos contra infância – Crianças: Já pra fora! é uma ordem convidativa que aponta para o espaço “ao ar livre” como o melhor lugar para brincar, viver e se conectar com o mundo e com os outros. Vale a pena assistir e refletir!
O que é realização para você?
Olha o final de ano aí! Um tempo de retrospectivas, aprendizados, celebrações e planos, certo? No termômetro das redes sociais, o espírito parece pessimista. Mas, pare e pense: o ano é um tempo complexo demais para reclamar de maneira simplista via status virtual. São 2 semestres, 4 estações, 12 meses, 52 semanas, 365 dias em que acontecem desafios diversos, vitórias, celebrações, conquistas, férias, praia, festa junina, carnaval, aprendizados, brindes, aniversários, encontros e desencontros, muitas noites de sexta, muitas manhãs de segunda. Então por que cair no estigma de que o ano não foi bom o suficiente? Pense em cada realização e desafio que venceu, com todas as suas nuances, ritmos, parcerias, e organicidade. O tempo é igual para todos e nem a pressa ou a prece fará o ano de alguém ter uma horinha a mais ou a menos! Então, foca nas realizações. Elas marcam o nosso 2016. E o que não foi realização pode virar aprendizado e melhorias para 2017. Nós da Benfeitoria, acreditamos que o mundo melhora através das ações e não das reclamações. Nós fomentamos a feitoria, o cuidado e a colaboração para transformar carência em potência e fortalecer o coletivo através da criatividade. O financiamento coletivo possibilita que sonhos, esperanças, ousadias, realização e transformações do mundo que queremos. Por isso nossa retrospectiva de 2016 vem recheada de prazer e brilho no olho, de agradecimentos às pequenas vitórias. Se alguém tinha dúvidas do poder de mobilização do coletivo e da possibilidade real de botar pra fazer e empreender através do Crowdfunding, chegamos nesse dezembro com argumentos e acontecimentos de sobra pra comprovar que esse modelo veio para ficar! Em um ano de inúmeros desafios políticos e dificuldades econômicas a arrecadação para projetos na Benfeitoria cresceu 50% com muita garra e ousadia. Parceiros e Canais E porque não começar falando da ousadia de lançar 6 canais com parcerias especiais que ampliaram o poder de mobilização para temas e objetivos comuns. Abrimos o ano convocando, junto com o Sebrae-RJ projetos voltados para Negócios de Impacto Social em um canal que oferecia orientação empreendedora com selo Sebrae aos selecionados. Foram 8 projetos de sucesso que arrecadaram, juntos, mais de 170 mil reais. Em abril, lançamos um canal voltado à mulheres empreendedoras numa parceria com a ONU Mulheres e a Think Olga. Buscamos as Mulheres de Impacto para fomentar a transformação de ambientes e realidades através do empoderamento feminino. Foram 8 projetos de sucesso que arrecadaram, juntos, mais de 230 mil reais. Ainda em Abril lançamos o Canal Teto Brasil, voltado a arrecadação de fundos para construção de casas pré-moldadas de emergência em comunidades precárias em que o Teto atua no Brasil. Foi uma maratona de campanhas dos Trabalhos de Inverno (TDI), divididas por estado, começando pelo Rio de Janeiro, seguido por São Paulo e terminando com o Paraná. Foram 16 campanhas de sucesso que arrecadaram, juntas, mais de 520 mil reais para a construção coletiva que impactou a vida de mais de 100 famílias. Construímos mais um Canal de MATCHFUNDING, lançado em junho, numa parceria com a Youse Seguradora que buscava projetos para difundir a cultura do cuidado e da colaboração. Foram 9 campanhas de sucesso, mais de 1200 benfeitores envolvidos e quase MEIO MILHÃO DE REAIS movimentados em prol da economia colaborativa. Um orgulho e mais um aprendizado de que a parceria de empresas com o coletivo, além de inovadora, dá certo e impulsiona boas ideias. E não paramos por aí. Em julho a ciclomobilidade entrou na pauta e veio para ficar. No Canal Primeiro Passo, em parceria com o Itaú e o ITDP recebemos quase 100 projetos de todo o Brasil. Desses, O 6 selecionados, tiveram sucesso, arrecadaram, juntos, mais de 130 mil reais e ainda ganharam um pontapé inicial em suas metas para pedalar por mais inclusão pelo país. Falando em inclusão, pela primeira vez lançamos um canal temático permanente e aberto a qualquer empreendedor, para fortalecer a luta contra a homofobia. Foi o Canal LGBT, que viu, até agora, 7 projetos ganharem vida em diversos formatos. Teve peça de teatro, documentário, websérie, curta, plataforma virtual e centro de acolhimento à vítimas de preconceito. Isso mesmo. Porque representatividade importa! Recordes E foi no Canal LGBT que tivemos um projeto batendo o recorde em número de colaboradores na nossa plataforma. Foi o Canal das Bee, que arrecadou mais de 130 mil reais junto com 2187 benfeitores. Um marco para guardar na memória! Outro recorde do ano 2016 foi em arrecadação num único projeto. #EuSonhoPiracanga arrecadou 208 mil reais para ampliar as terras da ecovila e aumentar a potência da realização de sonhos. Está vendo quanta coisa boa existe na linha do tempo desse ano? Realizações Podemos afirmar também que 2016 reafirmou a importância do Tudo ou Nada para o engajamento da rede na contribuição com os projetos, que aliado às Múltiplas Metas possibilitou que mais projetos ultrapassassem os 100% de arrecadação e batessem outras metas. E temos múltiplas metas também no Recorrente! Mais uma inovação com selo Benfeitoria! Atualmente o Recorrente tem 82 campanhas em captação movimentando mais de 60 mil mensais. E já que estamos falando de números, mantivemos nossa taxa de sucesso em 80%. E ajudamos, com nossa consultoria personalizada e especial, a botar pra fazer mais de 400 projetos, num total de 6.5 milhões de reais arrecadados de mais de 50 mil Benfeitores. E isso só no financiamento pontual. Se juntarmos o Recorrente, em 2016 somamos 7milhões arrecadados em quase 500 campanhas! O que nos leva, em 5 anos, a um total de impressionantes 100 mil benfeitores, 1000 projetos bem sucedidos, e mais de 15 milhões de reais transformando ideias em ações. Por tudo isso, podemos dizer que Realização para a Benfeitoria é viabilizar sonhos e impactar a realidade em que vivemos. E sendo um ano, uma linha de tempo complexa demais, desejamos que 2017 transborde a linha e seja rede. Uma rede linda de sonhos coletivos que melhorem nossa experiência enquanto sociedade e nos desafiem a ser cada vez mais nossas melhores versões! A Equipe da Benfeitoria agradece de coração a todos…
Dia das crianças é benfeitoria
Desafio lançado: que projeto financiado na Benfeitoria simboliza seu sonho de infância?
(re) construção
No último mês de julho, ganhamos uma viagem incrível! Foram 6 dias em acomodações especiais, com direito a comida local, experiências divertidas, emocionantes e desafiadoras. Conhecemos um pouco da cultura da região, fizemos amigos, deixamos um pedaço de nós e trouxemos um tanto deles também. Daquelas experiências que mudam a vida, sabe? Então. Mas para viver tudo isso, precisamos deixar de lado também uma espécie de óculos especial que ganhamos muito cedo em nossas vidas. Um óculos, que nos foi dado ainda na infância, que faz com que a gente simplesmente não veja certas coisas. Algumas outras ficam mais coloridas e destacadas, gerando uma certa distorção na nossa percepção.. É como se esses óculos do privilégio editasse a nossa visão, criando uma proteção meio doida, privilegiando algumas coisas em detrimento a outras. Mas a nossa agência de viagem, o Teto Brasil, faz um trabalho lindo para a retirada desses óculos, com direito a rituais de celebração e tudo. Nosso destino? Parque das Missões (PQM), em Caxias, na baixada fluminense, pertinho da gente, a mais ou menos uma horinha do centro do Rio. Algumas pessoas, que ainda estão muito apegadas a esses óculos, só conseguem ver alguns tristes dados associados a PQM. Como por exemplo, o crescente número de casas feitas de sobras de madeira, o esgoto irregular e o lixo que são jogados no Rio Meriti que beira a comunidade, o irregular e insatisfatório fornecimento de água potável e pouca oferta de escolas… Mas, sem nossos costumeiros óculos pudemos ver muito mais! A gente viu muitas pipas voando, partidas disputadíssimas de futebol, gente dançando na rua, comida simples e saborosa (e que saudade do sacolé da Regina!), histórias incríveis, sorrisos e abraços sinceros e muitas lágrimas de gratidão. Durante a nossa viagem ficamos hospedados em uma espécie de palácio. Alguns chamam de creche local, talvez pela decoração com pinturas de crianças, carteiras empilhadas, abrindo espaço para as nossas luxuosas camas: sacos de dormir, colchonetes, colchões de ar. Nós, turistas, éramos responsáveis também, pelas nossas dependências – limpar, arrumar, lavar… – coordenados pela Intendência, a equipe cheia de amor e carinho que cuidava de todos nós. Nosso tempo era preenchido com diversas atividades! Voltamos ao tempo de criança, literalmente! Brincamos de construir casinhas. Mas como somos já crescidos, fizemos casas grandes, né? Carregamos, martelamos, rolamos na terra, suamos, fizemos piadas e gargalhamos por 6 dias inteiros. Chegando no nosso palácio, mais atividades: dessa vez conduzidas pelas CEs (chefes de escola) que até nos pregaram peça, fazendo a gente pensar um tanto sobre tudo que estávamos vivendo ali, desconstruindo pedaço por pedaço dos nossos antigos óculos. Com essas atividades imergimos na riquíssima cultura local, uma cultura de colaboração, pertencimento e música. Talvez tenhamos voltado mais malemolentes no quadril depois de tanto funk. 😉 Em algum momento, na nossa arrogância, chegamos a acreditar que essa viagem era apenas para ajudar algumas pessoas que precisavam. Mas voltamos com a certeza de que foi muito mais do que isso. Desmontar nossos óculos foi uma maneira de reajustar nossa visão sobre o mundo que nos cerca. As lágrimas que caíram no processo foram os olhos se acostumando com a ausência dos óculos, usados por tanto tempo. Mas, de uma forma geral voltar de viagem trouxe uma sensação de leveza e saudade. Temos muitos amigos com óculos parecidos. E sabemos que não é por mal. Vai que um dia desses eles pilham de fazer uma viagem tipo a nossa e têm a sorte de tirá-los, também? Vai saber. by Luka e Murillo No mês de julho participei de uma experiência única: o TDI – Trabalhos de Inverno, da Teto Brasil. Foram 6 dias construindo casas de emergência em conjunto com moradores e outros voluntários no Canal do Anil, zona oeste do Rio de Janeiro. Tirei alguns dias de férias do trabalho, achando que iria dedicar um pouquinho do meu tempo para ajudar algumas famílias que precisam de uma casa para morar. Mas a verdade, é que foi mais do que isso. Nesses dias conheci pessoas maravilhosas, com as quais eu tive a oportunidade de trocar experiências e valores de uma forma tão leve e carinhosa. Trouxe, comigo, um pouco da garra e amor daqueles moradores, da simplicidade das crianças que brincavam despretensiosamente na rua e do brilho no olho dos voluntários cada vez que um piloti entrava no nível. Deixei um pedacinho de mim no Anil. Essa construção permitiu que eu começasse a enxergar uma nova realidade. Permitiu que eu me enxergasse de uma nova forma, também. Depois dessa semana, minhas esperanças em uma comunidade colaborativa e mais unida, foram renovadas. Com certeza, minha fé na mudança ficou mais forte. Sou muito grata por essa experiência apaixonante e transformadora. Muito, muito obrigada! by Yasmim Figueiredo Esses dois textos são resultados da parceria entre o Teto e a Benfeitoria, que juntos proporcionaram a experiência de participar do TDI – Trabalhos de Inverno para três Sócios Benfeitores: Yasmin, Murillo e Luka, autores desses relatos. Os três sócios benfeitores ficaram seis dias em comunidades do estado do Rio de Janeiro participando da construção de casas de emergência junto com outros voluntários e moradores dessas comunidades. Para ver as fotos da construção de Parque das Missões, acesse o álbum completo aqui e para ver as fotos da construção do Canal do Anil, acesse o álbum completo aqui. Para saber destas e outras atividades realizadas pelo Teto Brasil você pode acessar o site aqui e para se voluntariar você pode se cadastrar aqui. O programa Sócio Benfeitor é a campanha da Benfeitoria que reúne pessoas que desejam estar mais próximos do nosso trabalho, para conhecer mais acesse o link da campanha aqui.
Vida como ela é – a lógica do status quo
A lógica do status quo é realmente poderosa. Ainda me surpreendo com ela quando rompo a minha própria e tiro um tempo para refletir sobre certos comos e porquês. Somos moldados desde quando fazemos parte apenas de um imaginário a sermos do jeito que devemos ser, a agirmos da forma como julgam adequado, a sonharmos com metas pré-determinadas e a aceitarmos “a vida como ela é”. Pois bem. A vida-como-ela-é é assim… nascemos, crescemos, frequentamos o colégio, buscamos a glória do diploma da faculdade e depois a estabilidade de um trabalho adequado que carregue em suas 8 horas diárias a permissão para mantermos uma família idealizada com hábitos de consumo bastante questionáveis. Tudo bem, tudo bem… nem todo mundo é assim, é claro. Mas a tal lógica do status quo, fantasiada de um cliché sufocante mascarado nas cobranças daquela tia avó na festa de Natal que não consegue entender o-que-você-com-25-anos-está-fazendo-que-ainda-não-tem-uma-noiva-e-não-está-empregado-numa-grande-corporação, acaba colocando um pesinho nas asas até dos mais sonhadores. (Aliás, pare e reflita: a tal lógica é tão, mas tão poderosa, que até mesmo a vida-como-ela-é que aqui questiono é um privilégio, um privilégio de pouquíssimos). Enfim. A vida-como-ela-é pode não ser muito prazerosa, e em grande parte das vezes, é bastante cansativa. Mas é assim… fazer o quê? Faz parte: essa lógica nos impõe trocas. Se você quer ser feliz, precisa consumir. Se quer consumir, precisa trabalhar. E se precisa trabalhar, bem… não dá para exigir prazer do nosso campo profissional, não é mesmo? Por isso, somos moldados a acreditar que certos sacrifícios são, além de aceitáveis, justificáveis. E a vida-como-ela-é continua assim sendo, até não ser mais. Pois bem. Não aguentei deixá-la ser até deixar de ser. A minha vida só foi como-ela-é por duas décadas. No auge dos meus 20 anos, percebi que meus sacrifícios não eram justificáveis. Que não havia nada de aceitável em uma rotina diária de cinco horas numa faculdade que pouco me inspirava, seis num trabalho que eu detestava e mais três num trânsito que só não era mais detestável porque parecia, de certa forma, uma metáfora da minha própria vida: parada ou perseguindo trajetórias pré-determinadas. Olha, você não precisa acreditar em Deus, mas tendo a dizer ser impossível escapar da crença numa força incrível que rege o universo e que nos coloca exatamente onde precisaríamos estar. Foi essa força que me colocou diante de um post no Facebook, no dia 16 de junho de 2015, que, no auge dos meus 20 anos, no auge dos meus sacrifícios questionáveis, me apresentaria uma lógica que deixava o status quo – da vida e do mundo – no chinelo. Equipe de projetos da Benfeitoria CONTRATA! Completei, neste mês, um ano imersa em vida nova. Um ano de vida-como-eu-quero-que-seja. Um ano de empoderamento: o meu caminho de trabalho, de prazer, de sonho, de consumo e de ação é benfeitor. Tendo a acreditar que a Benfeitoria não é só uma empresa que disponibiliza e inova, como negócio, uma dinâmica inegavelmente poderosa: o financiamento coletivo. Muito mais do que isso, a Benfeitoria é como time e corpo orgânico uma dinâmica própria tão poderosa quanto. Somos e tentamos ser a mudança que queremos ver no mundo, a vivência em si da cultura que queremos fomentar: do carinho, do cuidado, da colaboração. Encontrei no meu ano benfeitor, não colegas de trabalho, mas amigos e companheiros de caminhada. Encontrei no meu ano benfeitor não só a oportunidade de dar consultoria para a arrecadação dos projetos deslancharem, mas a minha oportunidade própria de arrecadar felicidade e esperança em forma de histórias lindas e relatos de sonhos realizados. Encontrei no meu ano benfeitor a consolidação do meu sonho de empatia e propósito vividos em tempo integral – e em âmbito profissional – e mandei um beijinho no ombro para todos que me disseram que isso não era possível. Encontrei no meu ano benfeitor inspiração suficiente para dar para todos aqueles que mesmo fora da Benfeitoria querem levar um pouquinho da cultura benfeitora para suas vidas e trabalhos. Hoje, a rotina de cinco horas na faculdade se mantém e se encaminha para o fim, as seis horas no trabalho ainda existem – com muito prazer, e o caminho de volta para casa é em cima da bike. Se o trânsito de antes era metáfora, a bicicleta também o é: sou eu a dona da minha velocidade e do meu caminho. E mais: estou com a vida-como-eu-quero-que-seja em movimento. Vivo há um ano a mudança benfeitora que quero ver. Sai do trânsito você também!
Benfeitores sem censura
Ah, o poder de uma chamada. Há tempos conhecemos o poder da comunicação. A Benfeitoria começou a partir do sonho de usar esse poder em prol de mudanças significativas. “Reduzir barreiras de engajamento”, “tornar o cuidado e a colaboração algo tão fácil e sexy quanto o hábito de compra”, “inspirar pessoas de bem a virarem benFEITORAS / benfeitores saindo da intenção para ação”… Só sonho lindo! E hoje, dia 28 de abril de 2016, esse sonho – que evolui coletivamente todos os dias – completa 5 anos de pura realidade. As conquistas são muitas, os aprendizados também. Alguns emocionantes, alguns deliciosos, outros dolorosos… mas todos valiosos. E a maioria, compartilhável. Por isso, em vez de escrever sobre o impacto que geramos juntos e agradecer aos mais de 100mil benfeitores incríveis de jornada (e até alguns não tão incríveis, mas que nos fizeram amadurecer), resolvemos nesse aniversário iniciar uma sequência de posts compartilhando insights e histórias por trás dessa trajetória para que eles possam inspirar e facilitar a jornada de outros empreendedores (de si ou de um projeto). Afinal, nunca houve tanta glamourização do “largar tudo para empreender com propósito” – ou do”hackear a vida”, como muitos de nós gostamos de falar. E isso tem uma lado bom, pois acaba atraindo e realizando mais e mais pessoas maravilhosas, mas tem uma lado perigoso e, às vezes, cruel, por conta de tantos mitos e meias verdades que a gente alimenta sem perceber – e que acabam iludindo muita gente. Sim, vamos falar disso. Brincamos com o “Sem Censura”, porque a ideia é vulnerabilizar mesmo. Então além de “dicas-sucesso”, vamos abordar as dores, delícias, desabafos, dúvidas, desafios (e outras coisas que vc pense com a letra D, rs) desse caminho, passando por questões gerais e pessoais, como os desafios de empreender em casal; de virar mãe/pai no caminho e [tentar] conciliar a jornada; de empreender num país como o Brasil. Além de empreender numa área ainda tão pouco compreendida; de exercitar o desapEGO. de tentar equilibrar competição e colaboração; de falar e lidar com dinheiro em um contexto social; de tentar cuidar de um (ou de si), sem descuidar do todo; de buscar empreender em rede sem ter muita referência de como fazer isso; de falar em um mundo melhor e às vezes duvidar dele; de querer promover um Reboot nos outros e perceber que você ainda precisa de muitos… Muita coisa. Confesso que não tenho ideia de como serão os próximos posts (esse saiu TOTALMENTE diferente do que imaginei ao abrir o computador), nem o engajamento que vão gerar – se é que alguém vai ler. No mínimo, vai ser uma boa terapia para mim e outros integrantes e ex integrantes da Benfeitoria que venham a colaborar aqui. E como é nosso aniversário, não deixa de ser um presente bonito para todos os benfeitores. 🙂 Originalmente pensei em escrever os Top10 aprendizados, fazer artes lindas para cada um, transformá-las em camisetas, depois quem sabe em um mini doc… hehe. Mas como “benFEITO é melhor que perfeito“, nosso atual lema (e de muitos empreendedores!) e tema do próximo post, começamos por esse post-teaser do que vem por aí. Um convite para nos falarmos mais tarde. E por hoje é só. [Não, mentira!! Hoje já lançamos uma nova id visual, o site todo reformulado (sim, e bonitão – que bom que você notou!), aprimoramos o programa sócio benfeitor, fechamos um novo matchfunding para a economia colaborativa e… agora vamos sair para celebrar! \o/ Ah! E antes que esqueca: peço desculpas aos que vieram achando que iam ver fotos sensuais ou ler tuuuudo que aprendemos nos 5 anos, em 5 min (impossíveeel). Se não desistiram no primeiro parágrafo e chegaram até aqui é porque valeu o uso da chamada apelativa, rs. Se tiverem alguma sugestão de assunto a ser abordado nessa sequência não-definina-nem-muito-bem-planejada-de-posts, por amor escrevam! Beijos e abraços em todos os benfeitores- e até a próxima!
Comissão livre: “Como a Benfeitoria ganha dinheiro?”
“E como vocês se sustentam?” Essa é sempre a primeira pergunta que ouvimos quando falamos sobre o nosso modelo de negócio. Isso acontece porque, diferente das plataformas de financiamento coletivo mais comuns, a Benfeitoria optou por não cobrar comissão obrigatória dos projetos. E foi a primeira do mundo a fazer isso. Mas como a gente se sustenta então, se a principal (ou a única) fonte de receita das plataformas é exatamente a comissão? Resolvemos arriscar (e apostar) num modelo de comissão livre, que significa que não obrigamos ninguém a pagar, mas convidamos todos a contribuir para a Benfeitoria continuar existindo. Podemos chamar também de colaboração espontânea, contribuição consciente, comissão voluntária, mas tudo quer dizer a mesma coisa: você colabora com o quanto quiser. Esse caminho, em grande parte, se baseia em três premissas. Em primeiro lugar, na premissa de que temos que agir junto com as pessoas (co-missão, como gostamos de dizer). Em segundo lugar, de que a Benfeitoria só faz sentido se as pessoas quiserem que ela exista. E, por fim, na premissa de que, ao estimular o questionamento, as pessoas se tornem mais conscientes quanto à sua colaboração. Por isso, hoje temos basicamente três fontes de receita que vêm diretamente das pessoas que interagem com a plataforma: 1- Comissão livre do realizador. Ao financiar um projeto na Benfeitoria, você opta por contribuir com o nosso trabalho, com o valor que quiser. Além do serviço online, nossos principais diferenciais são o nosso atendimento aos realizadores e nossa metodologia de campanha. Cuidamos de cada projeto de uma forma única, e acreditamos que este é um dos motivos para a nossa taxa de sucesso ser estrondosamente alta: 70% das campanhas são bem sucedidas na Benfeitoria (versus 40% de média do mercado). Acreditamos que os realizadores enxergam esse cuidado e atenção e, por isso, podem contribuir de forma voluntária. E esse é o primeiro pilar do nosso modelo de negócios. 2- Comissão livre = contribuição espontânea do colaborador. Quando uma pessoa contribui com um projeto na plataforma, ela pode contribuir financeiramente também – com quanto quiser – com a Benfeitoria. O sistema é parecido com o primeiro, mas funciona a cada pagamento que é feito no site. Sugerimos alguns valores de referência (inclusive zero) e cada um pode escolher o quanto achar justo. Um dos grandes trabalhos aqui é explicar toda essa proposta de forma muito sucinta. Diferente do nosso relacionamento com o realizador, que dura meses, aqui temos alguns segundos para comunicar tudo que está por trás deste convite. Não é a toa que esse é nosso maior quintal de experimentações. Fazemos muitos testes para saber o que funciona e o que não funciona. Hoje, quase 50% dos colaboradores contribui com algum valor para a gente, um número que nos enche de orgulho! 3- Sócios-Benfeitores. Por fim, temos um programa de relacionamento a longo prazo, que chamamos de Sócio-Benfeitor, um experimento que já explicamos aqui no blog. São pessoas que toparam apoiar a Benfeitoria com um valor mensal, em um esquema de financiamento recorrente. Atualmente, são mais ou menos 130 pessoas que contribuem com valores entre R$15 e R$200 por mês. Os Sócios-Benfeitores formam uma comunidade que participa de decisões da Benfeitoria, cria pontes e troca referências com a gente. Muito mais do que um apoio financeiro, eles são nossa rede de suporte. Mas não para por aí. Nosso modelo de negócios vai além disso. Desde o primeiro dia de vida da Benfeitoria dizemos que a transição para uma nova economia – mais humana, criativa e colaborativa – só é possível se unirmos todas as esferas sociais. Por isso, estamos sempre convocando empresas, instituições acadêmicas e o governo para pensar projetos em conjunto. Em 2013 e 2014 fizemos o Rio+ e o Reboot. E, a partir de 2015, inauguramos o Matchfunding, uma modalidade de financiamento coletivo na qual um parceiro institucional faz um investimento significativo em projetos selecionados, fomentando um tema específico. E, assim, nasceram os canais Natura Cidades, Primeiro Passo, Sebrae RJ, Yousers e Colorado. Por tudo isso, é muito importante enfatizar que comissão livre não é o mesmo que serviço gratuito. Precisamos dessas contribuições das pessoas para continuar fazendo o nosso trabalho, e muito felizmente esse número se torna cada vez mais significativo. Queremos construir um significado coletivo para o nosso modelo de negócio. Queremos que as pessoas reflitam sobre o valor do seu dinheiro, e sobre como e onde o investem. A Benfeitoria é, em sua essência, construída pelas pessoas que fazem parte dela, seja construindo um relacionamento de longo prazo, seja interagindo pontualmente com a plataforma. Ela só se banca se fizer sentido para quem interage com ela. E por ser essa construção coletiva, esse é o modelo de negócios que encontramos para ela. Como diz a Amanda Palmer na sua palestra no TED, às vezes estamos acostumados a fazer a pergunta errada. Em vez de “como fazemos as pessoas pagarem por isso?”, poderíamos nos perguntar “como deixamos que as pessoas paguem por isso?”. Essa pequena mudança transforma tudo.
Comentários