Consciência Negra, reconhecimento de potência

Antes de se tornar um dia de muita reflexão, o 20 de Novembro sempre foi muito festivo na minha vida. Minha mãe faz aniversário nesse dia, então sempre tem mais água no feijão nessa data, pois receber pessoas é algo que aprendi desde cedo na família. Consciência Negra é ajô, palavra de origem iorubá que significa “juntar”. E é justamente isso que se estabelece em qualquer manifestação de matriz africana e afro-brasileira, unir as pessoas. Ninguém faz uma roda de samba pra sambar sozinho, ninguém faz uma roda de capoeira pra jogar sozinho, ninguém cozinha uma feijoada pra comer sozinho, o Candomblé, o Jongo ou qualquer outra expressão que tenha origem negra se faz sozinho. A união é algo primordial e óbvio para quem é criado em ambientes matrilineares de quintais e terreiros. Comemos juntos, sofremos juntos, vencemos juntos, fracassamos juntos. Conceitos como privacidade e individualidade são menos importantes do que as relações e espaços de convivência. À luz do mundo moderno isso pode parecer muito ultrapassado, mas há muita riqueza na sabedoria que adquirimos com pessoas mais velhas. A Consciência não é coletiva por ser negra, ela é negra por ser coletiva. Os que vieram antes de mim lançaram as bases para evoluirmos ao ponto onde chegamos hoje, as gerações X e Y não inventaram a roda, e é arrogância demais não reconhecermos isso. Na escola quando aprendemos sobre monarquia, a visão que nos é ensinada é a europeia. Luís XIV, Fernando de Aragão, César Bórgia, D. João, uma infinidade de monarcas que significam pouco ou quase nada para o aprendizado em história de matriz africana. Para os povos de matriz africana, as referências são outras: Oxóssi rei de Ketu, Xangô rei de Oyó, Oxaguiã, rei de Ifé, e tantos outros do panteão Iorubá que são desconhecidos pela maioria do povo brasileiro, ainda que mais da metade da população seja negra. Histórias que morrem na educação oficial, mas que estão vivas nas memórias subterrâneas. O que isso tem a ver com financiamento coletivo? Muita coisa. O conceito de financiamento coletivo (muitas pessoas se reunindo para concluírem um determinado fim) é algo não só presente em todas as manifestações de matriz africana, como é o fôlego de vida de todas elas. Cada pessoa que contribui um pouco para que o almoço da família esteja na mesa, que a festa do filho seja um sucesso ou que a formatura da sobrinha traga alegria para a vizinhança é peça fundamental para solidificar os laços sociais, e isso não é criação das empresas de crowdfunding. A solidariedade é anterior a todo o processo de uma campanha de financiamento coletivo. Mesmo com toda desigualdade, falta de oportunidades e perspectiva, estamos florescendo. Não é a ausência que nos define, e sim a potência, o legado de saberes e fazeres que trouxemos para esse país. Há um provérbio iorubá que diz: “ORÍ ENI NÍ UM’NI J’OBA” – A cabeça de uma pessoa faz dela um rei. E é nisso que está nossa esperança, e esperança não no sentido de esperar, mas de esperançar; de continuar a luta por um lugar melhor. Apenas começamos.

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Uma empresa que te incentiva a voar

Se você está em busca de um relato pessoal e quer saber mais sobre como uma relação humana com seus funcionários pode transformar a vida de uma pessoa, seja bem-vinda(o).  “A gente quer te ver voar” Foi o que eu ouvi há 01 ano atrás, quando apresentei uma proposta louca de trabalhar à distância dos Estados Unidos e fazer um curso de Marketing Cultural. E a Benfeitoria não só quis me ver voar, como vem me ajudando alcançar diferentes sonhos desde o meu primeiro dia na empresa. Desde abril de 2014, quando fui contratada como estagiária, recebi suporte e apoio para conquistar os meus objetivos, dentro e fora da empresa. Percebi que o Cuidado e Confiança, uns dos valores da empresa, iam além do discurso: elas estavam presentes do dia a dia da empresa.  E aqui estou eu, morando em NYC há 01 mês e seguindo o meu trabalho na Benfeitoria. Quando me mudei para cá, as pessoas duvidaram que eu continuaria trabalhando na mesma empresa, afinal dizem por aí que os Estados Unidos é um mundo de oportunidades. E, dentro de tantas oportunidades, percebi que nada é mais importante do que trabalhar com o que você acredita. Por isso estou aqui, escrevendo esse post para compartilhar com vocês que quando uma empresa te permite voar, você não quer ficar longe. Você vai, mas sempre querendo voltar e compartilhar os os novos aprendizados para um crescimento conjunto de equipe. Entrei na Benfeitoria em busca de estágio e encontrei propósito. Aqui, entendi que estar dentro de um lugar em que todos os funcionários acreditam na missão da empresa, isso te faz crescer como profissional; que estar em um lugar em que os sócios-fundadores entendem e incentivam que você tenha uma vida além do trabalho, te faz crescer como pessoa. E na Benfeitoria, quanto mais você cresce, mais espaço você encontra para inovar e fazer a Benfeitoria crescer junto com você. Para finalizar esse relato pessoal, só queria registrar que: Eu volto logo! <3

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Ela não sai de mim

Amanhã a Benfeitoria faz sete anos. Há sete anos, decidi fazer meu primeiro projeto de financiamento coletivo com ela. Há cinco, decidi entrar para a equipe e dedicar a minha vida a ela. Há dois, decidi sair para buscar novos rumos. Hoje faço parte de um Bando que trabalha pelo desenvolvimento do financiamento coletivo. Junto com a Benfeitoria, batemos o recorde brasileiro no mês passado com a campanha Queermuseu no Parque Lage. Saí da Benfeitoria, mas ela não sai de mim. Dei para a Benfeitoria tudo que eu tinha: meu tempo, meu suor, meus sonhos, minhas ideias, minha dedicação e minha energia. O que recebi em troca foi infinitamente maior. Conheci novas pessoas, novos lugares, novos projetos, novas linguagens, novos repertórios, ações, conceitos, conhecimentos, redes, mobilizações, ferramentas, metodologias e técnicas. Me joguei na Benfeitoria. E ela mudou tudo na minha vida. Mudou, inclusive, minha maneira de me jogar nas coisas. Para mim, a Benfeitoria nunca foi um emprego. Nunca foi, na realidade, uma empresa. Talvez isso tenha nos levado a caminhos distintos. Afinal, no fim do mês, a conta precisa fechar para uma startup de tecnologia empreendendo em um ambiente de muita incerteza e volatilidade. A Benfeitoria é, sim, uma empresa. Uma ótima empresa! Cheia de gente competente, inteligente, honesta, batalhadora e criativa. Mas, acima disso, é uma missão. É um jeito de enxergar o mundo. E é por isso que ela não sai de mim. Mais do que a maior taxa de sucesso do mercado, o recorde do financiamento coletivo no Brasil ou o pioneirismo no financiamento Recorrente, a Benfeitoria é sobre a construção de um mundo diferente. Não necessariamente sobre mudar o mundo, mas sobre construir alternativas aqui e agora, na escala das nossas vidas, no nível das pessoas. Adoro a analogia da Amanda Palmer. Nas turnês da banda, ela costuma fazer couchsurfing, ficando hospedada no sofá dos fãs. Ela brinca que gosta de fazer crowdsurfing, se jogando do palco para ser carregada pela multidão. Além disso, bateu o recorde do crowdfunding na música em 2012 levantando quase US$1.2 milhão para um novo disco da banda. No final das contas, ela diz que couchsurfing, crowdsurfing e crowdfunding são a mesma coisa: se jogar no desconhecido e confiar que a multidão vai dar um jeito de te segurar. Empreender na Benfeitoria é exatamente a mesma coisa. São sete anos de estrada. Sete anos de aprendizados, desafios, dores, incertezas, conexões e muitas, muitas risadas. São sete anos se jogando no desconhecido e sentindo a multidão fazer a sua parte. A Benfeitoria é, acima de tudo, sobre pessoas se juntando para fazer coisas incríveis. Coisas impossíveis. Coisas irresistíveis. Somos essas pessoas. E somos bem mais numerosos do que se pode imaginar. Desculpem a invasão, Benfeitores. Aqui me sinto em casa.

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Elas por Elas – 13 TEDs de Mulheres Negras para te inspirar

A Benfeitoria tem uma equipe apaixonada por TED, que são conferências com o objetivo de disseminar ideias que merecem ser compartilhadas. São vídeos curtinhos que circulam pela internet apresentando histórias, projetos, pessoas e  questionamentos que geram reflexões. Para conhecer mais mulheres negras com projetos e ideias transformadoras, resolvemos pedir indicação para a nossa rede de mulheres. Pedimos vídeos que nos apresentasse um pouco mais o universo da mulher negra, que é infinito. Depois de tantas indicações maravilhosas e grandes aprendizados, decidimos compartilhar essa lista de TED com cada uma de vocês. Aproveitem! 1 – O mito de ser feliz fazendo o que ama | Monique Evelle | Indicação: Talita Santos 2 – A mulata que nunca chegou | Nátaly Neri | Indicação: Sthefany castro 3 – Não desiste, negra, não desiste! | Mel Duarte | Indicação:  Mary Cerqueira 4 – Afroempreendedorismo | Ana Karoline Lima | Indicação: Jamile Menezes 5 –  Eu Empregada Doméstica | Preta Rara I Indicação: Cecília Godoi 6 – Ressignificando Conceitos Para Reconstruir Histórias | Priscila Gama | Indicação: Sthefany castro 7 – Eu quero poder ser fraca | Stephanie Ribeiro | Indicação: Sthefany castro 8 – Tá bom pra você? | Kenia Maria | Indicação: Sthefany castro 9 – When Black women walk, things change | T. Morgan Dixon and Vanessa Garrison | Indicação: Karina Vieira 10 – O racismo, quando não nos mata, nos torna inseguras | Karina Vieira 11 – O jovem da favela não é carente, é potente | Ana Paula Lisboa | Indicação: Karina Vieira 12 – Uma jornada na busca por identidade e propósito | Juliana Luna | Indicação: Karina Vieira  13 – The Story We Tell About Poverty Isn’t True | Mia Birdsong | Indicação: Karina Vieira Reserve um tempinho, prepare uma pipoca e mergulhe nesse universo.

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Ser mulher na Benfeitoria, um relato pessoal

No dia da mulher, eu resolvi invadir esse espaço da Benfeitoria e falar sobre o meu ser mulher. O meu ser, em primeira pessoa, mas com objetivo de compartilhar minhas lutas, minhas dores, meu feitos feministas. Nesse lugar, eu quero tentar encontrar, na minha particularidade de ser mulher, um movimento coletivo. Eu sou Larissa, nascida em Salvador. Há 04 anos trabalho na Benfeitoria e, coincidentemente ou não, me chamo de feminista. Ao longo da adolescência, aprendi um conceito muito importante para a minha família: que existiam as mulheres para casar e existiam “as outras”, e que eu precisava ser essa mulher que sabe fazer tarefas domésticas, que se veste recatada e se preserva. E, dentro desse conceito de mulher, eu nunca me encaixei. Ainda no meio da faculdade, na tentativa de me descobrir, saí do nordeste e me mudei para o Rio de Janeiro e, por sorte e privilégio, encontrei a Benfeitoria. E foi aí que eu comecei a dar os primeiros passos para me entender mulher. Trabalhar em uma plataforma que viabiliza diversos projetos me possibilitou conhecer mulheres que empreendem, que fazem partes de coletivos feministas, que fazem pequenos projetos para gerar reflexão, que fazem grandes projetos para impactar um montão de gente. Mulheres que fazem de tudo! Nem todas sabem, mas eu me aprendi com cada uma delas! Eu me inspirei com a Élida, que empreendeu o afrôbox, com o alcance e discurso do com o coletivo Não é Não, com as conquistas da Daiene… Eu me inspirei com as mulheres da Think Olga e da ONU Mulheres, que ajudaram a impulsionar uma série de projetos transformadores no Canal Mulheres de Impacto. Eu me inspirei com as mulheres da minha equipe e, agora, eu estou aprendendo, refletindo sobre o lugar na sociedade e me inspirando com o Canal Negras Potências. E, no meio de tanta mulher incrível, eu me inspirei para fazer o meu próprio projeto, o Tô Na Rua, Mas Não Sou Sua. Eu me percebi mulher, uma verdadeira mulher, quando entendi o feminismo! Eu aprendi que a definição de mulher na qual eu não me encaixava vem de uma construção social que continua se reproduzindo e oprimindo tantas de nós. Eu entendi que os nossos direitos precisam ser iguais, que a minha liberdade é igual. Eu me vi mulher, entendi e parei de aceitar julgamentos e opressões sociais. Eu me vi mulher quando o feminismo me salvou e eu me senti livre. No ser mulher, também existe a relação social com o outro, com o ser homem. E, na minha crença desse ser mulher, acredito que os homens fazem parte dessa mudança, que o dialógo se faz necessário para que haja uma real reflexão e transformação. Uma reflexão que respeite o meu ser, a minha liberdade. A gente vai aprendendo com a vida, a gente vai entender o porquê determinados termos são machistas, o motivo de determinados ditados e palavras serem ofensivos. Eu sou do tipo que se importa com as palavras, que aponta o dedo e diz para qualquer um “essa expressão é totalmente machista”, porque acredito muito que questionar termos é também questionar a origem e a estrutura social. Poderia listar aqui vários pontos que me fazem acreditar na equipe da Benfeitoria, mas esse daqui é daqueles corriqueiros e que dá um orgulho danado: ver todos os homens da minha empresa tentando entender o nosso ponto, refletindo sobre nossos questionamentos e evoluindo. É estatístico que as mulheres ocupam menos os espaços de poder dentro das empresas, mas aqui – como mulher feminista – sinto orgulho de dizer que esses espaços são igualitariamente compartilhados e as pessoas estão sempre abertas a discutir, escutar, refletir e evoluir. No meio de tudo, ser mulher é ser forte, é ser guerreira. Ser mulher é lutar diariamente. Lutar contra o assédio nas ruas, lutar pelo direito do seu próprio corpo, lutar pelo seu lugar no mercado de trabalho, lutar dentro de casa sobre a divisão de tarefas. Ser mulher é manter a sua força e mostrar que ser mulher é ser livre, é ser dona de si. Como mulher, venho existindo e resistindo. E acredito que esse movimento é, sim, coletivo! Nós vamos continuar a nossa luta, estaremos presentes e transformando a nossa sociedade em um lugar igualitário. E espero, como mulher, poder ajudar tantas outras mulheres com sonhos e projetos. E ah! Vale sempre lembrar: o futuro é feminista.

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Crianças, já pra fora!

No ano passado terminamos o post em comemoração ao dia das crianças com a provocação: PRECISA CONTINUAR CRIANÇA PARA CONTINUAR SONHANDO? Esse ano celebramos o dias das crianças com o nascimento de um sonho de mãe e a mais nova cria da Benfeitoria, que mostra que podemos continuar sonhando como crianças, mesmo crescidos. A BEBÊNFEITORIA é um negócio social que nasceu de um sonho da Tati, nossa fundadora, voltado para ajudar mulheres na dupla missão de criar filh@s melhores para o mundo – e um mundo melhor para os filh@s. Um sonho que ganhou vida através de 88 Benfeitores que colaboraram na campanha de financiamento coletivo – com 2 metas batidas – e de uma parceria com a Touts. Dá só uma olhada! Celebrando os Bebênfeitores Nesse Dia das crianças apresentamos a primeira coleção Bebênfeitoria de bodies para bebês que trazem provocações de mudanças ou “Reboots” de comportamentos que precisamos adotar com nossas crianças, em forma de frases para vestir! Podemos apostar que você adoraria olhar uma foto sua de infância usando algum desses! ? Pense num serzinho capaz de reprogramar toda uma vida? Acreditamos que as crianças re-pro-gra-mam nossas vidas – e certamente serão as responsáveis por reprogramar o mundo. Como diz a Tati, Maternidade e paternidade: o maior Reboot que podemos viver. Infância: um período único de descobertas e curiosidades, quando tudo ainda era muito novo pra nós. Crianças são beta testers desse mundão. Fica a reflexão: bebês precisam ser educados ou acolhidos? E acolher é também sobre conviver, em vez de competir. É sobre inspirar as novas gerações a ter cuidado ao agir, sem dúvidas de que, na vida, devemos amar pessoas e usar coisas. Nunca o contrário. E fechamos com um body provocador, pra fazer pensar. Nascemos com infinitas possibilidades =) E não é preciso ter pouca idade para se permitir ser transformad@ pela sua criança interior. Enquanto puder sorrir e brincar, ainda há tempo! Coloque seus sonhos em prática! E se precisar de uma ajuda, o Financiamento Coletivo é uma alternativa. Saiba mais em benfeitoria.com FELIZ DIA DAS CRIANÇAS! Visite a Loja e conheça a coleção completa e a proposta do projeto em: bebênfeitoria.com Se inspire e conte para outras mães! Bônus track – ou porquê o título desse post é crianças, já pra fora? Inspirada no TEDx do pediatra Dr. Daniel Becker  – sobre os pecados cometidos contra infância – Crianças: Já pra fora! é uma ordem convidativa que aponta para o espaço “ao ar livre” como o melhor lugar para brincar, viver e se conectar com o mundo e com os outros. Vale a pena assistir e refletir!

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O que é realização para você?

Olha o final de ano aí! Um tempo de retrospectivas, aprendizados, celebrações e planos, certo? No termômetro das redes sociais, o espírito parece pessimista. Mas, pare e pense: o ano é um tempo complexo demais para reclamar de maneira simplista via status virtual. São 2 semestres, 4 estações, 12 meses, 52 semanas, 365 dias em que acontecem desafios diversos, vitórias, celebrações, conquistas, férias, praia, festa junina, carnaval, aprendizados, brindes, aniversários, encontros e desencontros, muitas noites de sexta, muitas manhãs de segunda. Então por que cair no estigma de que o ano não foi bom o suficiente? Pense em cada realização e desafio que venceu, com todas as suas nuances, ritmos, parcerias, e organicidade. O tempo é igual para todos e nem a pressa ou a prece fará o ano de alguém ter uma horinha a mais ou a menos! Então, foca nas realizações. Elas marcam o nosso 2016. E o que não foi realização pode virar aprendizado e melhorias para 2017. Nós da Benfeitoria, acreditamos que o mundo melhora através das ações e não das reclamações. Nós fomentamos a feitoria, o cuidado e a colaboração para transformar carência em potência e fortalecer o coletivo através da criatividade. O financiamento coletivo possibilita que sonhos, esperanças, ousadias, realização e transformações do mundo que queremos. Por isso nossa retrospectiva de 2016 vem recheada de prazer e brilho no olho, de agradecimentos às pequenas vitórias. Se alguém tinha dúvidas do poder de mobilização do coletivo e da possibilidade real de botar pra fazer e empreender através do Crowdfunding, chegamos nesse dezembro com argumentos e acontecimentos de sobra pra comprovar que esse modelo veio para ficar! Em um ano de inúmeros desafios políticos e dificuldades econômicas a arrecadação para projetos na Benfeitoria cresceu 50% com muita garra e ousadia. Parceiros e Canais E porque não começar falando da ousadia de lançar 6 canais com parcerias especiais que ampliaram o poder de mobilização para temas e objetivos comuns. Abrimos o ano convocando, junto com o Sebrae-RJ projetos voltados para Negócios de Impacto Social em um canal que oferecia orientação empreendedora com selo Sebrae aos selecionados. Foram 8 projetos de sucesso que arrecadaram, juntos, mais de 170 mil reais. Em abril, lançamos um canal voltado à mulheres empreendedoras numa parceria com a ONU Mulheres e a Think Olga. Buscamos as Mulheres de Impacto para fomentar a transformação de ambientes e realidades através do empoderamento feminino. Foram 8 projetos de sucesso que arrecadaram, juntos, mais de 230 mil reais. Ainda em Abril lançamos o Canal Teto Brasil, voltado a arrecadação de fundos para construção de casas pré-moldadas de emergência em comunidades precárias em que o Teto atua no Brasil. Foi uma maratona de campanhas dos Trabalhos de Inverno (TDI), divididas por estado, começando pelo Rio de Janeiro, seguido por São Paulo e terminando com o Paraná. Foram 16 campanhas de sucesso que arrecadaram, juntas, mais de 520 mil reais para a construção coletiva que impactou a vida de mais de 100 famílias. Construímos mais um Canal de MATCHFUNDING, lançado em junho, numa parceria com a Youse Seguradora que buscava projetos para difundir a cultura do cuidado e da colaboração. Foram 9 campanhas de sucesso, mais de 1200 benfeitores envolvidos e quase MEIO MILHÃO DE REAIS movimentados em prol da economia colaborativa. Um orgulho e mais um aprendizado de que a parceria de empresas com o coletivo, além de inovadora, dá certo e impulsiona boas ideias. E não paramos por aí. Em julho a ciclomobilidade entrou na pauta e veio para ficar. No Canal Primeiro Passo, em parceria com o Itaú e o ITDP recebemos quase 100 projetos de todo o Brasil. Desses, O 6 selecionados, tiveram sucesso, arrecadaram, juntos, mais de 130 mil reais e ainda ganharam um pontapé inicial em suas metas para pedalar por mais inclusão pelo país. Falando em inclusão, pela primeira vez lançamos um canal temático permanente e aberto a qualquer empreendedor, para fortalecer a luta contra a homofobia. Foi o Canal LGBT, que viu, até agora, 7 projetos ganharem vida em diversos formatos. Teve peça de teatro, documentário, websérie, curta, plataforma virtual e centro de acolhimento à vítimas de preconceito. Isso mesmo. Porque representatividade importa! Recordes E foi no Canal LGBT que tivemos um projeto batendo o recorde em número de colaboradores na nossa plataforma. Foi o Canal das Bee, que arrecadou mais de 130 mil reais junto com 2187 benfeitores. Um marco para guardar na memória! Outro recorde do ano 2016 foi em arrecadação num único projeto. #EuSonhoPiracanga arrecadou 208 mil reais para ampliar as terras da ecovila e aumentar a potência da realização de sonhos. Está vendo quanta coisa boa existe na linha do tempo desse ano? Realizações Podemos afirmar também que 2016 reafirmou a importância do Tudo ou Nada para o engajamento da rede na contribuição com os projetos, que aliado às Múltiplas Metas possibilitou que mais projetos ultrapassassem os 100% de arrecadação e batessem outras metas. E temos múltiplas metas também no Recorrente! Mais uma inovação com selo Benfeitoria! Atualmente o Recorrente tem 82 campanhas em captação movimentando mais de 60 mil mensais. E já que estamos falando de números, mantivemos nossa taxa de sucesso em 80%. E ajudamos, com nossa consultoria personalizada e especial, a botar pra fazer mais de 400 projetos, num total de 6.5 milhões de reais arrecadados de mais de 50 mil Benfeitores. E isso só no financiamento pontual. Se juntarmos o Recorrente, em 2016 somamos 7milhões arrecadados em quase 500 campanhas! O que nos leva, em 5 anos, a um total de impressionantes 100 mil benfeitores, 1000 projetos bem sucedidos, e mais de 15 milhões de reais transformando ideias em ações. Por tudo isso, podemos dizer que Realização para a Benfeitoria é viabilizar sonhos e impactar a realidade em que vivemos. E sendo um ano, uma linha de tempo complexa demais, desejamos que 2017 transborde a linha e seja rede. Uma rede linda de sonhos coletivos que melhorem nossa experiência enquanto sociedade e nos desafiem a ser cada vez mais nossas melhores versões! A Equipe da Benfeitoria agradece de coração a todos…

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(re) construção

No último mês de julho, ganhamos uma viagem incrível! Foram 6 dias em acomodações especiais, com direito a comida local, experiências divertidas, emocionantes e desafiadoras. Conhecemos um pouco da cultura da região, fizemos amigos, deixamos um pedaço de nós e trouxemos um tanto deles também. Daquelas experiências que mudam a vida, sabe? Então. Mas para viver tudo isso, precisamos deixar de lado também uma espécie de óculos especial que ganhamos muito cedo em nossas vidas. Um óculos, que nos foi dado ainda na infância, que faz com que a gente simplesmente não veja certas coisas. Algumas outras ficam mais coloridas e destacadas, gerando uma certa distorção na nossa percepção.. É como se esses óculos do privilégio editasse a nossa visão, criando uma proteção meio doida, privilegiando algumas coisas em detrimento a outras. Mas a nossa agência de viagem, o Teto Brasil, faz um trabalho lindo para a retirada desses óculos, com direito a rituais de celebração e tudo. Nosso destino? Parque das Missões (PQM), em Caxias, na baixada fluminense, pertinho da gente, a mais ou menos uma horinha do centro do Rio. Algumas pessoas, que ainda estão muito apegadas a esses óculos, só conseguem ver alguns tristes dados associados a PQM. Como por exemplo, o crescente número de casas feitas de sobras de madeira, o esgoto irregular e o lixo que são jogados no Rio Meriti que beira a comunidade, o irregular e insatisfatório fornecimento de água potável e pouca oferta de escolas… Mas, sem nossos costumeiros óculos pudemos ver muito mais! A gente viu muitas pipas voando, partidas disputadíssimas de futebol, gente dançando na rua, comida simples e saborosa (e que saudade do sacolé da Regina!), histórias incríveis, sorrisos e abraços sinceros e muitas lágrimas de gratidão. Durante a nossa viagem ficamos hospedados em uma espécie de palácio. Alguns chamam de creche local, talvez pela decoração com pinturas de crianças, carteiras empilhadas, abrindo espaço para as nossas luxuosas camas: sacos de dormir, colchonetes, colchões de ar. Nós, turistas, éramos responsáveis também, pelas nossas dependências – limpar, arrumar, lavar… – coordenados pela Intendência, a equipe cheia de amor e carinho que cuidava de todos nós. Nosso tempo era preenchido com diversas atividades! Voltamos ao tempo de criança, literalmente! Brincamos de construir casinhas. Mas como somos já crescidos, fizemos casas grandes, né? Carregamos, martelamos, rolamos na terra, suamos, fizemos piadas e gargalhamos por 6 dias inteiros. Chegando no nosso palácio, mais atividades: dessa vez conduzidas pelas CEs (chefes de escola) que até nos pregaram peça, fazendo a gente pensar um tanto sobre tudo que estávamos vivendo ali, desconstruindo pedaço por pedaço dos nossos antigos óculos. Com essas atividades imergimos na riquíssima cultura local, uma cultura de colaboração, pertencimento e música. Talvez tenhamos voltado mais malemolentes no quadril depois de tanto funk. 😉 Em algum momento, na nossa arrogância, chegamos a acreditar que essa viagem era apenas para ajudar algumas pessoas que precisavam. Mas voltamos com a certeza de que foi muito mais do que isso. Desmontar nossos óculos foi uma maneira de reajustar nossa visão sobre o mundo que nos cerca. As lágrimas que caíram no processo foram os olhos se acostumando com a ausência dos óculos, usados por tanto tempo. Mas, de uma forma geral voltar de viagem trouxe uma sensação de leveza e saudade. Temos muitos amigos com óculos parecidos. E sabemos que não é por mal. Vai que um dia desses eles pilham de fazer uma viagem tipo a nossa e têm a sorte de tirá-los, também? Vai saber. by Luka e Murillo No mês de julho participei de uma experiência única: o TDI – Trabalhos de Inverno, da Teto Brasil. Foram 6 dias construindo casas de emergência em conjunto com moradores e outros voluntários no Canal do Anil, zona oeste do Rio de Janeiro. Tirei alguns dias de férias do trabalho, achando que iria dedicar um pouquinho do meu tempo para ajudar algumas famílias que precisam de uma casa para morar. Mas a verdade, é que foi mais do que isso. Nesses dias conheci pessoas maravilhosas, com as quais eu tive a oportunidade de trocar experiências e valores de uma forma tão leve e carinhosa. Trouxe, comigo, um pouco da garra e amor daqueles moradores, da simplicidade das crianças que brincavam despretensiosamente na rua e do brilho no olho dos voluntários cada vez que um piloti entrava no nível. Deixei um pedacinho de mim no Anil. Essa construção permitiu que eu começasse a enxergar uma nova realidade. Permitiu que eu me enxergasse de uma nova forma, também. Depois dessa semana, minhas esperanças em uma comunidade colaborativa e mais unida, foram renovadas. Com certeza, minha fé na mudança ficou mais forte. Sou muito grata por essa experiência apaixonante e transformadora. Muito, muito obrigada! by Yasmim Figueiredo Esses dois textos são resultados da parceria entre o Teto e a Benfeitoria, que juntos proporcionaram a experiência de participar do TDI – Trabalhos de Inverno para três Sócios Benfeitores: Yasmin, Murillo e Luka, autores desses relatos. Os três sócios benfeitores ficaram seis dias em comunidades do estado do Rio de Janeiro participando da construção de casas de emergência junto com outros voluntários e moradores dessas comunidades. Para ver as fotos da construção de Parque das Missões, acesse o álbum completo aqui e para ver as fotos da construção do Canal do Anil, acesse o álbum completo aqui. Para saber destas e outras atividades realizadas pelo Teto Brasil você pode acessar o site aqui e para se voluntariar você pode se cadastrar aqui. O programa Sócio Benfeitor é a campanha da Benfeitoria que reúne pessoas que desejam estar mais próximos do nosso trabalho, para conhecer mais acesse o link da campanha aqui.

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