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6 dicas para sair suave do vale de arrecadação
Dizem por aí que só quem já fez uma campanha de financiamento coletivo entende quanta dedicação está envolvida nesse processo. A dinâmica é poderosa e o resultado vale toda a caminhada, mas é bem verdade que exige bastante esforço dos que botam para fazer! Cada campanha pede estratégias diferentes de mobilização e arrecadação para chegar ao final com sua meta batida! E ao longo dos últimos cinco anos, identificamos alguns padrões. Um deles, por exemplo, é que os dois momentos de maior força de arrecadação de uma campanha são o início dela – carregando todo o status de novidade – e sua reta final – carregando toda a urgência de quem precisa bater a meta. Entre esses dois picos, existe um período em que a arrecadação é mais lenta, e a mobilização da rede mais desafiadora. É o que chamamos do vale de arrecadação. Nesse momento, é comum que o ritmo diminua… porém, com os devidos esforços, é possível SIM evitar o marasmo! Separamos algumas dicas para vocês passarem “voando” pelo vale e continuarem arrecadando bem, mesmo nesse período. Vamos lá! 1) Checar quem foram os colaboradores até aquele ponto para correr atrás dos próximos e falar diretamente com cada um Se você foi um bom(a) aluno(a) da nossa Universidade do Financiamento Coletivo (UFC), deve ter mapeado a sua rede e feito uma lista de possíveis colaboradores antes de começar a campanha. Chegado o temido vale, é a hora de acessar a lista de quem já colaborou na Benfeitoria e usar diferentes abordagens para quem ainda não o fez. O realizador da campanha tem acesso online (e fulltime!) à lista de benfeitores completa, com nome e email de cada um deles. Para acessar essa lista, basta fazer o login na plataforma com o email cadastrado pelo realizador do projeto, clicar na ferramentinha (canto superior direito da tela) e ir para o “Painel do Realizador”. A ideia é checar quem ainda não colaborou e convidar gentilmente essas pessoas a contribuir! Só post no Facebook não faz milagre, então aposte no um a um: via inbox, whatsapp, ligação, etc. 2) “Campanha” Traz + 1 Nossa sugestão aqui é lançar o movimento traz + 1 ou #traz+1 ou #trazmaisum direcionado para quem já colaborou para a sua campanha. É uma convocação muito simples e factível: se cada um dos benfeitores trouxer mais um colaborador, isso significa dobrar (ou pelo menos dar um super salto) na arrecadação. Vale pai, mãe, irmã, papagaio ou piriquito! Chama todo mundo! 3) Cotas por pessoa da equipe envolvida no projeto dentro de um prazo estipulado Você não está tocando esse projeto sozinho(a), não é mesmo? A ideia aqui é estabelecer uma “cota” de colaborações para cada um da equipe trazer, dentro de um prazo combinado entre todos. Por exemplo: se são 5 pessoas envolvidas num projeto que ainda precisa arrecadar R$1.500, vocês podem definir uma cota de R$300 em contribuições para cada uma, a serem conquistados em cinco dias. Isso pode significar: 1 colaborador de 300,00 3 colaboradores de 100,00 10 colaboradores de 30,00 e por aí vai. Metas por pessoa e por períodos curtinhos pode ser uma estratégia bem eficiente – e potencialmente divertida! – para dar um gás na campanha e na própria equipe! 4) Recompensas-relâmpago Que tal atrair mais colaboradores com novas recompensas super atraentes? Aqui, o foco é mirabolar e colocar em ação recompensas relâmpago irresistíveis! Custo benefício é chave do sucesso. Vale colocar um número restrito e divulgar como “aproveitem essa oportunidade!” e “é limitado!”. 5) Eventos onlife Faça pelo menos um pequeno evento para falar sobre a campanha. A estratégia é bem eficiente, porque mesmo aqueles que não podem comparecer sentem o chamado de colaborar. Olho no olho é muito poderoso! Além disso, é mais uma chance de dar uma palhinha daquilo que você está tentando financiar coletivamente. Se for um CD, que tal um pocket show? Se for uma peça de teatro, um ensaio aberto talvez? Um bate-papo? Use a criatividade! 6) Imprimir boletos e passar o chapéu Tem gente que diz não saber usar a plataforma, ou não gostar de usar a internet ou o computador. Para esses casos, você pode cortar o caminho e já imprimir boletos de diferentes valores e entregar a elas para diminuir as barreiras de engajamento. Da mesma forma funciona o chapéu, você recolhe o dinheiro e depois efetua a colaboração você mesmo na plataforma. Mas atenção: em ambos os casos, se as pessoas quiserem as recompensas equivalentes ao valor da colaboração, você precisará fazer um controle interno dessas recompensas anotando quem colaborou com quanto e qual recompensa deverá receber em troca. E aí? Acha que com essas dicas dá para encarar o vale de arrecadação com mais leveza? Serviu como injeção de ânimo para você começar a sua campanha de financiamento coletivo hoje? Envie o rascunho do seu projeto pra gente! Nossa consultoria é gratuita: www.benfeitoria.com/arrecade. Vamos juntos! 😉
Vida como ela é – a lógica do status quo
A lógica do status quo é realmente poderosa. Ainda me surpreendo com ela quando rompo a minha própria e tiro um tempo para refletir sobre certos comos e porquês. Somos moldados desde quando fazemos parte apenas de um imaginário a sermos do jeito que devemos ser, a agirmos da forma como julgam adequado, a sonharmos com metas pré-determinadas e a aceitarmos “a vida como ela é”. Pois bem. A vida-como-ela-é é assim… nascemos, crescemos, frequentamos o colégio, buscamos a glória do diploma da faculdade e depois a estabilidade de um trabalho adequado que carregue em suas 8 horas diárias a permissão para mantermos uma família idealizada com hábitos de consumo bastante questionáveis. Tudo bem, tudo bem… nem todo mundo é assim, é claro. Mas a tal lógica do status quo, fantasiada de um cliché sufocante mascarado nas cobranças daquela tia avó na festa de Natal que não consegue entender o-que-você-com-25-anos-está-fazendo-que-ainda-não-tem-uma-noiva-e-não-está-empregado-numa-grande-corporação, acaba colocando um pesinho nas asas até dos mais sonhadores. (Aliás, pare e reflita: a tal lógica é tão, mas tão poderosa, que até mesmo a vida-como-ela-é que aqui questiono é um privilégio, um privilégio de pouquíssimos). Enfim. A vida-como-ela-é pode não ser muito prazerosa, e em grande parte das vezes, é bastante cansativa. Mas é assim… fazer o quê? Faz parte: essa lógica nos impõe trocas. Se você quer ser feliz, precisa consumir. Se quer consumir, precisa trabalhar. E se precisa trabalhar, bem… não dá para exigir prazer do nosso campo profissional, não é mesmo? Por isso, somos moldados a acreditar que certos sacrifícios são, além de aceitáveis, justificáveis. E a vida-como-ela-é continua assim sendo, até não ser mais. Pois bem. Não aguentei deixá-la ser até deixar de ser. A minha vida só foi como-ela-é por duas décadas. No auge dos meus 20 anos, percebi que meus sacrifícios não eram justificáveis. Que não havia nada de aceitável em uma rotina diária de cinco horas numa faculdade que pouco me inspirava, seis num trabalho que eu detestava e mais três num trânsito que só não era mais detestável porque parecia, de certa forma, uma metáfora da minha própria vida: parada ou perseguindo trajetórias pré-determinadas. Olha, você não precisa acreditar em Deus, mas tendo a dizer ser impossível escapar da crença numa força incrível que rege o universo e que nos coloca exatamente onde precisaríamos estar. Foi essa força que me colocou diante de um post no Facebook, no dia 16 de junho de 2015, que, no auge dos meus 20 anos, no auge dos meus sacrifícios questionáveis, me apresentaria uma lógica que deixava o status quo – da vida e do mundo – no chinelo. Equipe de projetos da Benfeitoria CONTRATA! Completei, neste mês, um ano imersa em vida nova. Um ano de vida-como-eu-quero-que-seja. Um ano de empoderamento: o meu caminho de trabalho, de prazer, de sonho, de consumo e de ação é benfeitor. Tendo a acreditar que a Benfeitoria não é só uma empresa que disponibiliza e inova, como negócio, uma dinâmica inegavelmente poderosa: o financiamento coletivo. Muito mais do que isso, a Benfeitoria é como time e corpo orgânico uma dinâmica própria tão poderosa quanto. Somos e tentamos ser a mudança que queremos ver no mundo, a vivência em si da cultura que queremos fomentar: do carinho, do cuidado, da colaboração. Encontrei no meu ano benfeitor, não colegas de trabalho, mas amigos e companheiros de caminhada. Encontrei no meu ano benfeitor não só a oportunidade de dar consultoria para a arrecadação dos projetos deslancharem, mas a minha oportunidade própria de arrecadar felicidade e esperança em forma de histórias lindas e relatos de sonhos realizados. Encontrei no meu ano benfeitor a consolidação do meu sonho de empatia e propósito vividos em tempo integral – e em âmbito profissional – e mandei um beijinho no ombro para todos que me disseram que isso não era possível. Encontrei no meu ano benfeitor inspiração suficiente para dar para todos aqueles que mesmo fora da Benfeitoria querem levar um pouquinho da cultura benfeitora para suas vidas e trabalhos. Hoje, a rotina de cinco horas na faculdade se mantém e se encaminha para o fim, as seis horas no trabalho ainda existem – com muito prazer, e o caminho de volta para casa é em cima da bike. Se o trânsito de antes era metáfora, a bicicleta também o é: sou eu a dona da minha velocidade e do meu caminho. E mais: estou com a vida-como-eu-quero-que-seja em movimento. Vivo há um ano a mudança benfeitora que quero ver. Sai do trânsito você também!
Benfeitores sem censura
Ah, o poder de uma chamada. Há tempos conhecemos o poder da comunicação. A Benfeitoria começou a partir do sonho de usar esse poder em prol de mudanças significativas. “Reduzir barreiras de engajamento”, “tornar o cuidado e a colaboração algo tão fácil e sexy quanto o hábito de compra”, “inspirar pessoas de bem a virarem benFEITORAS / benfeitores saindo da intenção para ação”… Só sonho lindo! E hoje, dia 28 de abril de 2016, esse sonho – que evolui coletivamente todos os dias – completa 5 anos de pura realidade. As conquistas são muitas, os aprendizados também. Alguns emocionantes, alguns deliciosos, outros dolorosos… mas todos valiosos. E a maioria, compartilhável. Por isso, em vez de escrever sobre o impacto que geramos juntos e agradecer aos mais de 100mil benfeitores incríveis de jornada (e até alguns não tão incríveis, mas que nos fizeram amadurecer), resolvemos nesse aniversário iniciar uma sequência de posts compartilhando insights e histórias por trás dessa trajetória para que eles possam inspirar e facilitar a jornada de outros empreendedores (de si ou de um projeto). Afinal, nunca houve tanta glamourização do “largar tudo para empreender com propósito” – ou do”hackear a vida”, como muitos de nós gostamos de falar. E isso tem uma lado bom, pois acaba atraindo e realizando mais e mais pessoas maravilhosas, mas tem uma lado perigoso e, às vezes, cruel, por conta de tantos mitos e meias verdades que a gente alimenta sem perceber – e que acabam iludindo muita gente. Sim, vamos falar disso. Brincamos com o “Sem Censura”, porque a ideia é vulnerabilizar mesmo. Então além de “dicas-sucesso”, vamos abordar as dores, delícias, desabafos, dúvidas, desafios (e outras coisas que vc pense com a letra D, rs) desse caminho, passando por questões gerais e pessoais, como os desafios de empreender em casal; de virar mãe/pai no caminho e [tentar] conciliar a jornada; de empreender num país como o Brasil. Além de empreender numa área ainda tão pouco compreendida; de exercitar o desapEGO. de tentar equilibrar competição e colaboração; de falar e lidar com dinheiro em um contexto social; de tentar cuidar de um (ou de si), sem descuidar do todo; de buscar empreender em rede sem ter muita referência de como fazer isso; de falar em um mundo melhor e às vezes duvidar dele; de querer promover um Reboot nos outros e perceber que você ainda precisa de muitos… Muita coisa. Confesso que não tenho ideia de como serão os próximos posts (esse saiu TOTALMENTE diferente do que imaginei ao abrir o computador), nem o engajamento que vão gerar – se é que alguém vai ler. No mínimo, vai ser uma boa terapia para mim e outros integrantes e ex integrantes da Benfeitoria que venham a colaborar aqui. E como é nosso aniversário, não deixa de ser um presente bonito para todos os benfeitores. 🙂 Originalmente pensei em escrever os Top10 aprendizados, fazer artes lindas para cada um, transformá-las em camisetas, depois quem sabe em um mini doc… hehe. Mas como “benFEITO é melhor que perfeito“, nosso atual lema (e de muitos empreendedores!) e tema do próximo post, começamos por esse post-teaser do que vem por aí. Um convite para nos falarmos mais tarde. E por hoje é só. [Não, mentira!! Hoje já lançamos uma nova id visual, o site todo reformulado (sim, e bonitão – que bom que você notou!), aprimoramos o programa sócio benfeitor, fechamos um novo matchfunding para a economia colaborativa e… agora vamos sair para celebrar! \o/ Ah! E antes que esqueca: peço desculpas aos que vieram achando que iam ver fotos sensuais ou ler tuuuudo que aprendemos nos 5 anos, em 5 min (impossíveeel). Se não desistiram no primeiro parágrafo e chegaram até aqui é porque valeu o uso da chamada apelativa, rs. Se tiverem alguma sugestão de assunto a ser abordado nessa sequência não-definina-nem-muito-bem-planejada-de-posts, por amor escrevam! Beijos e abraços em todos os benfeitores- e até a próxima!
Em busca de sonhos pela metrópole
Este artigo foi escrito por Guilherme Karakida, caçador de impacto da Benfeitoria, a pedido da nossa equipe. Em junho de 2015, entrei para a rede de caçadores de impacto na Benfeitoria. A minha história com a plataforma de financiamento coletivo, porém, começou em novembro de 2014, quando financiei uma casa de emergência no valor de R$5.500 para o TETO. A Benfeitoria se destaca das outras plataformas por não aderir a uma lógica produtivista que se importa mais com quantidade do que com qualidade. Na plataforma, todo projeto precisa ter impacto coletivo e ser de interesse público, independente da área. A lógica é tudo ou nada. Isso significa que as metas devem ser atingidas para o realizador receber o dinheiro. Caso contrário, o dinheiro é estornado para todos os benfeitores – apoiadores do projeto. Outra característica que me atraiu – também quando a escolhi para arrecadar fundos para a casa de emergência – é ser uma plataforma de financiamento que não cobra comissão. Paga quem quiser e se quiser. A única taxa obrigatória é da Moip, integradora financeira responsável por todas as transações financeiras da Benfeitoria. Esse posicionamento da organização revela que o lucro não está acima do interesse de transformar a realidade. No início do ano, a Benfeitoria fez uma chamada para o programa de Caçadores de Impacto: uma rede de pessoas interessadas em todos esses assuntos que teriam a missão de buscar projetos interessantes e formatá-los para o financiamento coletivo. Ser caçador de impacto era uma oportunidade ao meu alcance de tirar projetos incríveis do papel por meio de um crowdfunding. Ao mesmo tempo, teria acesso a uma rede com a mesma motivação de popularizar o financiamento coletivo e com vontade de melhorar o mundo. Entrei com o propósito pessoal de encontrar iniciativas com potencial na metrópole, local que a Benfeitoria apresenta menos entrada e cujos indicadores sociais são mais baixos. Por trabalhar na Casa Fluminense, espaço de diagnóstico e proposta de políticas públicas para a metrópole do Rio, acumulei rede em territórios diversos, o que facilitaria o trabalho de mapeamento e interlocução. Descrever a experiência – curta, aliás – como caçador de impacto sem mencionar o Gomeia Galpão Criativo seria um erro. O primeiro espaço de coworking da Baixada Fluminense reunia pessoas que já faziam a diferença na Baixada Fluminense, região estigmatizada pela violência e pobreza. Esses atores trabalhavam em rede espontaneamente e estabeleciam parcerias no seu cotidiano. A ideia de trazer todo mundo para o mesmo telhado só oficializava uma dinâmica que acontecia naturalmente. Ao optarem por compartilhar o espaço, os custos diminuíam, a potência e as conexões se maximizavam e, por consequência, o impacto coletivo se ampliava. Faltava, no entanto, dinheiro para tornar possível essa vontade coletiva. Assim, no dia 1 de julho de 2015, entrei pela primeira vez no Gomeia e apresentei a Benfeitoria. Eles gostaram da proposta e avaliaram que havia alinhamento entre as duas organizações. Decidiram lançar o crowdfunding na mesma semana no valor de R$29.000,00 para uma pequena reforma no espaço. A meta, diga-se de passagem, era ousada porque a Baixada Fluminense não tem cultura enraizada de colaborações financeiras, o que tornava o desafio ainda maior. A campanha foi um sucesso. Teve feijoada, apoio massivo de organizações da sociedade civil e pessoas reconhecidas dos mais diversos setores que gravavam vídeos reforçando a importância da iniciativa. Para mim, a trajetória produziu aprendizados. O mais importante talvez seja que quando protagonistas do mesmo território se reúnem, com brilho no olho e mesmo objetivo, a probabilidade da mobilização ser bem-sucedida se multiplica. Aos poucos, esses protagonistas locais ressignificam a Baixada Fluminense como polo cultural criativo. A saga como caçador de impacto metropolitano continua. Mais projetos aparecerão ao longo do caminho e, com isso, novos aprendizados. Para a Benfeitoria, assim como para uma parte significativa das organizações, criar uma comunidade ativa e contínua segue como um dos principais desafios. Só sei que me sinto afortunado por estar participando de tudo isso e espero que esteja apenas começando.
Aprendizados do Alemão
Durante todo o mês de agosto, participamos de uma série de oficinas no Complexo do Alemão com 60 projetos sociais que atuam na comunidade. Foi um intenso trabalho de capacitação dividido em alguns temas: planejamento, recursos, financiamento e rede. O convite veio da Entrenós e da Carioteca, empresas parceiras, e aceitamos o desafio de criar, juntos, uma série de encontros focados no desenvolvimento dos projetos locais. Ao final, oito projetos seriam escolhidos para participar de uma campanha de financiamento coletivo na Benfeitoria. Foi uma experiência engrandecedora. Ensinar e aprender, conhecer projetos, descobrir talentos, criar laços e fomentar sonhos. Foram muitos aprendizados, mas alguns se destacam: A comunicação como ponte Ficou muito claro durante todo o trabalho que os maiores problemas percebidos pelos projetos eram gerados por falhas de comunicação. Muitos dos desafios de um eram desafios de outro também, muitas das barreiras que um enfrentava não eram percebidas pelos outros. Em um determinado momento, fizemos um exercício onde todos precisavam resolver um desafio juntos, mas de olhos fechados. Poderiam se comunicar apenas falando. Depois, conversando sobre a atividade, um participante disse: “isso foi igual ao trabalho dos projetos sociais do Alemão. Todos querem o alcançar o mesmo objetivo, mas ninguém está se vendo”. A linguagem como barreira Refletir sobre o desafio da comunicação também deixou claro outro desafio: o da linguagem. Muitas vezes estamos nos acostumando a usar termos, referências e mensagens que já são óbvias para nós, mas não para os outros. No meio da economia colaborativa, isso é muito comum. Conseguimos nos comunicar entre nós, mas nem sempre passamos uma mensagem clara para quem não está acostumado com essas narrativas. A linguagem não pode e não deve ser barreira. Mas para que isso ocorra, devemos praticar um exercício constante de empatia, de se colocar no lugar do outro, para não nos perdermos no nosso próprio mundo, na nossa própria forma de comunicação. Títulos e reconhecimento Empreendedorismo social, inovação disruptiva, novos modelos, economia colaborativa. A favela é, na verdade, berço pulsante de tudo isso, mas sem os títulos pomposos e o reconhecimento acadêmico. Nada de definições complexas, de referências estrageiras, de citações a grandes teorias econômicas contemporâneas, mas muito trabalho criativo, inovador e disruptivo nasce e floresce naquele espaço. O poder da rede, tão explorado por startups bacanas e investidores de impacto, é quase óbvio dentro da favela. Os recursos muitas vezes são escassos, então o valor dos projetos está na rede de pessoas, conhecimentos e contatos ao seu redor. Propósito de vida Ninguém está ali desalinhado com o que realmente acredita. Só para citar um exemplo que aconteceu em um exercício: pedimos para que cada um fizesse um orçamento do seu projeto imaginando uma verba de R$15.000 a ser investida. Muitas pessoas acabaram precisando de ajustes neste orçamento e, quando olhamos com mais cuidado e aprofundamos a discussão sobre o assunto, a primeira coisa que todos cortavam era a própria remuneração. Ninguém está ali pelo dinheiro, ninguém está ali pelo ganho individual. E quando isso é genuíno, coisas incríveis acontecem. O resultado deste trabalho foi uma linda campanha de financiamento coletivo que une oito projetos de moradores do Alemão para gerar impacto no próprio território. Arte, educação, esporte, saúde, mídias, música, dança e empreendedorismo juntos em uma só campanha, com um só objetivo: mobilizar as pessoas em torno da transformação do Complexo. Esta campanha tem uma característica especial… o Matchfunding! Desta vez, quem resolveu se unir a esta inovação foi a Fundação Via Varejo e para cada real arrecadado, ela colocará mais um! Com isso, o investimento das pessoas é dobrado! E o impacto dos projetos também! Foram diversos aprendizados durante esta grande jornada, mas ela está só começando. Os sonhos são grandes, os desafios são enormes. Mas temos certezas que a união destes projetos é um primeiro passo para uma comunidade mais próspera e sustentável. E queremos fazer parte disso. Quer fazer a diferença no Complexo do Alemão? Contribua!
Matchfunding: uma nova maneira de pensar projetos
Definimos a Benfeitoria como um grande experimento colaborativo. Queremos testar modelos, desafiar paradigmas, lançar projetos, prototipar soluções… Queremos envolver diferentes esferas sociais em colaboração direta para criar coisas que não poderiam ser criadas por cada indivíduo de forma independente. Uma das grandes perguntas sempre foi: como conseguir engajar, de forma legítima, grandes empresas nessa nova economia? Como criar ações com grandes marcas, mas gerando impacto real, sem incentivar um discurso vazio que nunca se materializa na prática? Ao longo de quatro anos e meio, fomos construindo esses pilotos e aprendendo sempre uma coisa nova com cada um. O lançamento da primeira plataforma de financiamento coletivo do mundo a não cobrar comissão, apostando em um modelo de comissão voluntária nos ensinou a criar relações de igual-para-igual com a multidão, sem endeusar sua força, mas sem subestimar seu senso crítico como grupo. No Reboot, aprendemos como é complexa a gestão de um trabalho em rede, mas também como as pessoas estão dispostas a mergulhar de cabeça em uma missão que faça sentido para elas. Por último, a rede de sócios-benfeitores nos mostrou a quantidade de coisas que não sabemos (às vezes, sobre o nosso próprio negócio) e como precisamos ser humildes para ouvir e construir o nosso futuro juntos. O Rio+ foi um enorme desafio de articulação. Juntamos o governo municipal, universidade, a sociedade civil e uma empresa muito especial: a Natura, que topou encarar a aventura conosco, mesmo sem ter certeza de qual seria o resultado. Matchfunding O Matchfunding é um modelo de Crowdfunding, ou seja, de financiamento coletivo, em que ocorre a participação de uma empresa ou instituição. Também conhecido como financiamento coletivo turbinado, ele possui um funcionamento bem simples: para cada real que uma pessoa colocar em um projeto de financiamento coletivo, a empresa ou instituição participante duplica ou triplica o valor. Ou seja, se o projeto arrecadar R$25.000 através da multidão, o patrocinador coloca mais R$25.000 na conta. É bom para o projeto, que recebe um impulso a mais. É bom para o colaborador, que recebe a recompensa em dobro. É bom para o patrocinador, que ajuda a tirar projetos relevantes do papel com a ajuda da inteligência coletiva. Mas como implementar esse modelo na prática? Como convencer uma empresa a patrocinar um projeto que ela não sabe qual é, ainda mais com a possibilidade de insucesso da arrecadação? A nossa cultura corporativa não lida bem com o erro. Os tropeços eventuais não são vistos como partes do processo de aprendizado, mas como fracassos que precisam ser evitados e, muitas vezes, punidos. Com isso, os executivos das empresas são incentivados a não arriscar, a investir apenas em resultados garantidos. Em resumo: a não inovar. De novo, a Natura mostra que está disposta a buscar o novo. Foi ela a primeira empresa a topar o desafio. E assim nasceu o Canal de Matchfunding Natura Cidades. natura cidades O processo é simples. Primeiro, uma convocação de projetos. Podem (e devem) se inscrever iniciativas que tornem a cidade mais bonita, mais acolhedora e mais propícia aos encontros, que serão executadas no primeiro semestre de 2016. Após um processo de seleção dos projetos recebidos, serão montadas campanhas de financiamento coletivo para cada um dos escolhidos no site da Benfeitoria. A meta de arrecadação deve ser entre R$10.000 e R$100.000, onde metade deste valor será bancado pela Natura no esquema de matchfunding: para cada real arrecadado, ela coloca mais um. Até o fim de 2015, rola a arrecadação. E no primeiro semestre do ano que vem, a implementação dos projetos. E aí? Curtiu? Então espalha a notícia! Tem um projeto que pode se encaixar? Então manda pra gente!
Olá, mundo!
A Benfeitoria volta a ter um blog! Queremos manter isso aqui atualizado com novidades, planos, sonhos e pensamentos sobre o mundo. Não tem muita regra. O blog é para falar de tudo que está envolvido na Benfeitoria, desde apresentar projetos de financiamento coletivo, até discutir novos modelos de negócio. Como tudo aqui é colaborativo, queremos convidar parceiros e amigos para usar esse espaço também. Sem mais delongas, seja bem-vindo ao nosso novo blog!
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