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Brasilcore e Latinidade | Como a América Latina está ganhando o mundo
Se antes ser latino era motivo de orgulho quase exclusivamente por sua própria comunidade, hoje estamos no centro do palco do mundo. A latinidade deixa de ser marginalizada para se tornar uma identidade desejada (é comum ver norte-americanos e europeus se definindo como latinos pelo idioma falado ou pela ascendência). E temos um show a parte: o brasilcore. Brasilcore O Brasil está em todo lugar. Isso acontece não apenas porque temos uma cultura incrivelmente vasta e rica, mas também porque temos muito carisma. Nós temos bossa nova e cinema novo, mas temos também funk e uma presença inigualável na internet. Desde a Copa do Mundo de 2014, passamos a ganhar cada vez mais espaço ao olhar do mundo. Brasilcore é isso: estética, energia e cultura brasileiras virando tendência global – na música, na moda e na presença online. Brasil como influência mundial Para além do brasilcore como referência de cultura, o Brasil é uma grande potência quando o assunto é redes sociais. Nós temos o poder do engajamento como nenhum outro país. Se antes ter nossa atenção era motivo de piada (lembra das críticas do protagonista da série Todo Mundo Odeia O Chris?), hoje estar no radar do Brasil é um investimento estratégico de marketing. Ser querido pelo Brasil significa ter o maior público do mundo ao seu lado. Não à toa, temos causado tanto impacto ao redor do planeta inteiro. O fenômeno Lady Gaga em Copacabana Gagacabana foi um grande fenômeno não só para o Brasil, como também para o mundo. Com um mar de pessoas ao redor do palco, o show de Lady Gaga na praia de Copacabana recebeu cerca de 2,5 milhões de pessoas. Esse é um recorde mundial: é o maior público de um show feminino na história. Além disso, é também um recorde de turismo: o evento movimentou mais de R$600 na economia carioca, atraindo cerca de 600 mil turistas brasileiros e estrangeiros – que ocuparam 96% da rede hoteleira de Copacabana e Ipanema e aumentou em 26% os voos domésticos para a cidade. Brazil, we are not devastated anymore. Brasil como palco do mundo Não foi apenas Lady Gaga que enxergou no nosso país uma potência de público. Beyoncé notou a presença brasileira massiva em seus shows na Renassaince Tour e, apesar de não ter se apresentado no Brasil, trouxe o evento de encerramento de sua grande turnê para Salvador (e é o nome mais cotado para o Todo Mundo no Rio de 2026). Madonna também esteve por aqui no ano passado, finalizando sua turnê de 40 anos de carreira com outro show histórico em Copacabana, enquanto Bad Bunny está trazendo pela primeira vez sua turnê ao país (e os ingressos esgotaram em um dia). Trending Topics Brasil Para se conectar com o público brasileiro, os artistas tem utilizado estratégias interessantes. Ao vir para seu show no Lollapalooza, Olivia Rodrigo filmou um daily vlog digno de uma tiktoker brasileira, Vicent Martella (Greg de Todo Munda Odeia o Chris) estrelou recentemente um comercial celebrando o fato de ser famoso no Brasil. Em suas longas passagens pelo país, Coldplay e Bruno Mars fizeram questão de documentar suas passagens pelo Brasil em suas redes (Bruno Mars faz, inclusive, vídeos exclusivos para o público brasileiro). Não é incomum ver influenciadores gringos com roupas BR e utilizando nossos famosos MTGs como trilha de seus vídeos. Nada disso é por acaso. Fernanda Torres, vencedora do último Globo de Ouro como Melhor Atriz e protagonista do ganhador como Melhor Filme Estrangeiro no Oscar Ainda Estou Aqui, citou em uma entrevista: “O Brasil tem pena do mundo não saber o que a gente sabe.” Porém, cada vez mais, o mundo está interessado em saber. Somos da América Latina – e vocês vão saber! Não é só o Brasil que está em alta. A cultura latina como um todo está ocupando espaço global. O reggeaton é um dos gêneros musicais mais ouvidos no planeta. Artistas como Kali Uchis, Anitta e Bad Bunny deixam de ser artistas de parcerias musicais e passam a se tornar referência musical e de estilo (são tendência nas roupas, na maquiagem, nos ritmos). Todos eles tem algo em comum: a conexão e valorização às suas origens. Bad Bunny já era o artista mais ouvido do mundo há alguns anos. Porém, torna-se um artista mais respeitado a partir do lançamento do disco ‘Debí Tirar Más Fotos’, uma declaração de orgulho e amor à cultura latina, mas também uma denúncia contra a exploração e gentrificação de Porto Rico, seu país. Num momento chave em que imigração e xenofobia tem estado cada vez mais próximas, seu trabalho é um ato de resistência. Bad Bunny está, hoje em todos os lugares: especial no Tiny Desk, esquetes em programas tradicionais norte-americanos, propagandas de roupas masculinas, e faz questão de carregar sua identidade latina em todos esses lugares através de sua língua. Afinal, todas as suas entrevistas são em espanhol. Ser latino — e ser brasileiro — nunca foi sobre seguir tendências, mas sobre criá-las. Nosso som, nossa estética, nossa energia estão tomando o espaço que sempre foi nosso por direito. E isso é só o começo. A latinidade não está ganhando o mundo. Ela já ganhou. Curtiu esse conteúdo? Compartilhe com a sua rede!
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