#PapoBenfeitor: Financiamento Coletivo Recorrente por Iran Giusti, organizador da Casa 1

Atual recorde de arrecadação do financiamento coletivo recorrente no Brasil, a Casa 1 é financiada coletivamente desde o momento zero! O projeto levantou recursos para pagar o primeiro ano de aluguel do espaço através da nossa plataforma. Foram arrecadados mais de R$110 mil a partir da colaboração de mais de mil pessoas em sua primeira campanha de crowdfunding. Mas não foi só a abertura do espaço que foi financiada pelo coletivo. A Casa 1 também lançou a sua campanha de crowdfunding recorrente para cobrir os custos de manutenção do projeto. “Ao invés de pontuais, as colaborações financeiras são mensais já que a ideia é potencializar a sustentabilidade financeira do projeto para que ele continue acontecendo.” – Heloá Bento, especialista em crowdfunding da Benfeitoria. Apesar de cobrir parte das contas, a arrecadação mensal ainda não era suficiente para pagar 100% das contas da Casa 1 e, em 2019, foi comunicado pelas redes sociais que a casa de acolhimento corria risco de fechar as portas. Uma das características mais notáveis do financiamento coletivo é que a urgência mobiliza. E foi a urgência e o risco de fechamento da Casa 1 que mobilizou em uma semana mais de 3 mil pessoas, que como forma de suporte e posicionamento, se tornaram assinantes, totalizando mais R$90.000 mensais para cobrir todos os custos do projeto. A coletividade está no DNA da Casa 1, por isso convidamos o Iran Giusti, organizador do projeto, para falar um pouco da sua experiência com crowdfunding e financiamento coletivo recorrente. Como o crowdfunding recorrente ajudou na sustentabilidade financeira da Casa 1? O recorrente foi essencial para a manutenção do projeto e ao longo dos dois primeiros anos, o responsável por 60% das contas, com esse gás que tivemos no último mês ele passa a ser responsável por 100% da manutenção da Casa 1. Como você enxerga o papel e a importância do assinante na manutenção das atividades da casa? Você acredita que o financiamento recorrente possibilita uma aproximação entre o espaço e os apoiadores? A Casa 1 é um projeto experimental e que se propõe uma ação coletiva, então pra gente nunca fez sentido um financiamento diferente do recorrente, pra nós todo mundo auxiliando na manutenção desse projeto que propõem uma nova forma de pensar assistência social e direitos humanos é a prova de que é possível viver uma política participativa. Quais são as maiores vantagens e delícias do crowdfunding recorrente? A garantia de ter aquela verba para fazer as coisas acontecerem é o sonho de qualquer projeto e acompanhar os novos e novas benfeitorias é uma lindeza, ainda mais com aqueles valores baixos que mostram que a galera tá entendendo que com pouco a gente muda muito. E as dores e desafios [de manter uma campanha de crowdfunding]? Infelizmente no Brasil a gente tem a cultura de só se mexer quando a água já ta no pescoço, então muitas vezes é preciso chegar naquele beco sem saída para a galera se engajar, a parte boa é que quando se engajam, engajam mesmo. Como você enxerga esse boom de arrecadação que aconteceu nos últimos dias? O que você acha que significou toda essa mobilização em prol do seu projeto? É lindo e muito emocionante ao mesmo tempo em que dá vontade da matar aquele amigo que fala que ta começando a contribuir só agora. A arrecadação chegar onde chegou faz a gente conseguir respirar em tempos tão difíceis mas não queremos ter que chegar próximo a um novo fechamento para que a mobilização aconteça, o engajamento tem que existir sempre. Se você pudesse dar uma dica para quem quer lançar uma campanha, qual você daria? Seja transparente e dialogue muito. Essas duas coisas são fundamentais em qualquer campanha. No Brasil nós temos um medo muito grande em falar sobre dinheiro, ninguém compartilha o salário, ninguém diz como se investir e isso faz as pessoas terem medo de doar também, por isso falar abertamente sobre pra onde vai o seu dinheiro é muito importante. E você também pode fazer parte dessa rede! Acesse e colabore em benfeitoria.com/casa1

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A experiência do sócio-benfeitor

O que é a Benfeitoria? Uma empresa? Um negócio social? Um coletivo? Um movimento? Uma ideia? Somos sim tudo isso. E muito mais. Eu gosto de pensar na Benfeitoria como um espaço de experimentação, onde estamos sempre buscando novos modelos, novas ferramentas e novos tipos de interação que nos permitam criar em cima daquilo que a gente acredita. Neste sentido, a gente vem experimentando sem parar desde o início. Em 2011, criamos a primeira plataforma gratuita de financiamento coletivo do mundo. Em 2013, colocamos governo, empresas, academia e sociedade civil para trabalhar juntos em um novo modelo de inovação para a cidade. Em 2014, juntamos uma galera para discutir o futuro da nossa economia e das relações humanas e institucionais num modelo totalmente diferente de festival. Também em 2014, nos dedicamos a repensar o financiamento coletivo e imaginar interações mais longas e mais profundas. Afinal, algumas iniciativas não querem financiar um projeto pontual, com início-meio-e-fim, mas precisam de apoio para manter o próprio núcleo do trabalho, pensando, então, em uma sustentabilidade a longo prazo. Para esses casos, nasceu o Recorrente, um novo modelo de financiamento contínuo, onde pessoas comuns apoiam financeiramente as iniciativas que acreditam. Aqui não se trata de uma decolagem rápida, e sim de um looongo vôo. Em 2015, no aniversário de quatro anos da Benfeitoria, nos jogamos de cabeça em um experimento ainda mais ousado, mas igualmente lindo. Começamos a financiar a própria Benfeitoria dentro do Recorrente, em uma campanha que batizamos de Sócio-Benfeitor, onde convidamos as pessoas que acreditam no nosso trabalho a serem parte do que estamos construindo. E quando eu digo “ser parte”, é muito mais do que dar uma grana mensal e receber um e-mail de novidades uma vez por mês. Queremos que essas pessoas sejam parte do nosso núcleo pensante. A gente acredita que um grupo é sempre mais inteligente que o mais inteligente do grupo, então essas pessoas chegam exatamente para criar com a gente o futuro do que vai ser a Benfeitoria! Não foi fácil. Mesmo em uma empresa pequena e que fala de colaboração e inovação, é bem mais fácil concentrar decisões e ter controle sobre os processos. Perder o controle não é uma tarefa trivial, que se faz de um dia para o outro. Mas com certeza vale a pena. O dinheiro está sendo importante, claro. Mas os aprendizados desta experiência fizeram o nosso pequeno grupo virar um vulcão de ideias em plena erupção! Estamos conhecendo melhor sobre o nosso próprio trabalho, sobre a nossa comunicação, sobre as nossas ferramentas… Os sócios-benfeitores são protagonistas da nossa história. E a responsabilidade pelo rumo deste barco está nas mãos de centenas de pessoas agora. Outro dia me perguntaram: “Mas como fazer essas pessoas serem protagonistas? Como fazer elas sentirem que estão sendo ouvidas?” A resposta não poderia ser mais simples: Ouça-as. Ponto final. Se você vai se propor a ouvir, faça isso de verdade. Se dedique a isso, desmanche todas as verdades que você tem na cabeça e esteja disposto a repensar tudo que você sabe sobre o seu próprio negócio. As pessoas não são idiotas. Elas sabem quando você está realmente escutando. E quando você abre a porta e escuta de verdade, elas te ensinam muito, às vezes mesmo sem querer! Com a gente tem sido assim. Um experimento complexo, até meio maluco, mas que nos deu um novo gás e faz a Benfeitoria se transformar todos os dias. E você? Vem mirabolar com a gente? É só clicar aqui.

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