Registros escritos por Tati Leite
14:14 | Em 14 dias, completamos 14 anos da Benfeitoria!
Hoje é dia 14. Em 14 dias, a Benfeitoria completa 14 anos! Dois setênios: um marco cheio de significados. Pra quem não conhece, a teoria dos Setênios vem da antroposofia e propõe que a vida humana se desenvolve em ciclos de 7 em 7 anos. Períodos em que praticamente todas as células do nosso corpo mudam — e nós também. E como curiosos e bons exploradores, não só da antroposofia a gente bebe. Com a coincidência do 14/14/14, consultei meus gurus benfeitores e olha essa lindeza: Numerologia 14 é o número do aprendizado pela experiência, da transição, da metamorfose. Quem vibra no 14 vive entre o querer voar e o medo de cair (a definição perfeita dos empreendedores, né? rs). É número de quem nasceu pra criar o novo — mesmo tropeçando nos próprios pés. #quemnunca Tarô A carta XIV é A Temperança — uma figura alada que verte líquido de um cálice a outro. Um símbolo de equilíbrio, alquimia, fluxo e integração. O arquétipo do mediador. Do conciliador de opostos. Do processo de transformação que exige paciência e sabedoria. Leio: arquétipo de quem é ponte! Benfeitoria pura 🙂 Acreditando ou não, o fato é: são 14 anos alquimizando o caos com intenção, a liberdade com compromisso, os sonhos com ação. E fazer isso junto com nosso time lindo e uma rede de mais de 1 milhão de pessoas e instituições, me deixa tão emotiva e grata… que meu lado místico aflora mesmo. Impossível não me sentir conectada a algo maior. ✨ Gratidão a todas e todos que fazem parte dessa jornada. E, claro… à Nossa Senhora dos Fluxos (padroeira dos prazos corridos e equipes enxutas, rs.)
Gaia Education O curso que, já no primeiro dia, mudou o rumo da minha vida.
Desde que começou no Rio, em 2009 (turma da qual eu e Murilo, por acidente ou generosidade de NSDF, participamos), o Gaia Education tem tocado profundamente todos que por ele passam. Não conheço um Gaiano ou Gaiana que não tenha se transformado depois do curso. E, hoje em dia (10 turmas e “uma Benfeitoria” depois), conheço muitos. Só gente muuuito especial. Nunca diria, no dia em que cheguei para fazer o curso, que seria isso tudo. Achava que era só um curso cool sobre sustentabilidade – palavra da moda, na época. Na véspera, eu e Murilo saímos na hora do almoço para buscar a mãe dele no Solar das Palmeiras, onde ela estava expondo algumas de suas pinturas. (minha sogra é um máximo! 😉 Lá vimos um cartaz: curso de design em sustentabilidade. Na época, trabalhávamos no marketing da Coca-Cola e estávamos querendo algo diferente pra nos atualizar… ligamos. “Oi, estou ligando a respeito do curso Gaia que começa amanhã. Ainda tem vaga? Sim Quanto custa? Depende”. Depende?? Como assim? Era a primeira vez que ouvia falar de valor solidário (e hoje a Benfeitoria trabalha com co-missão livre!). No dia seguinte, estávamos lá, eu e Murilo, 30 min atrasados, como sempre. Quando chegamos, tinha uma sala com 70 pessoas… dançando em roda. Não podia ser ali. Fomos para a outra sala, perguntamos pra o segurança, que confirmou: aquela era a turma do nosso curso de design em sustentabilidade. Na hora, pensamos em ir embora. “Bando de ecochatos”… Mas o pessoal começou a sentar e tinha lugar perto da saída [de emergência]. Então, já que estávamos ali já (e era longe de casa), decidimos ficar mais um pouco — não sem antes combinar de sair de fininho, caso ficasse chato demais. E aí começou. Entra em cena ninguém menos que May East, uma das mulheres mais extraordinárias que já tive a chance de testemunhar em ação, conduzindo uma turma daquele tamanho com absoluta maestria. Ela misturava dados científicos com insights humanos, tocando meu lado emocional e racional de forma tão sutil, ritmada e poderosa, que parecia um balé. Foi uma experiência transformadora e radical (mexeu na raíz) chegar lá com aquela empáfia, julgando a turma de ecochata, e sair tão impactada. Digo, até hoje, que foi o dia que mais mudou o rumo minha vida. Uma amiga querida um dia me chamou atenção perguntando se não foi o dia em que me tornei mãe. Não foi. O dia em que me tornei mãe foi um dos mais emocionantes, lindos e importantes da minha vida. Mas eu sempre soube que queria ser mãe. O Gaia despertou em mim desejos (e críticas) que não existiam até então. Sensibilizou meu olhar para o outro — e para o todo. Passei a ver (e buscar reparar) coisas que não via. Mudou, simplesmente, a minha forma de enxergar e atuar no mundo. Como? Eles tentam explicar mais aqui. Mas há coisas que não se explicam em um texto, metodologias ou certificados. E eles têm muitos: estão presentes em 54 países, são chancelados pela UNESCO, contribuÍram ativamente para a construção dos ODS das Nações Unidas… Algumas coisas, só vivenciando. Pois é na troca e entrega daquelas pessoas — seus sonhos, esperanças, medos e conhecimentos — que se forma algo quase mágico: um campo potente e seguro para a real (des)aprendizagem. A turma de 2019 começa semana que vem, dia 04 de setembro. Se você leu até aqui, talvez também seja um sinal de Nossa Senhora dos Fluxos (NSDF) para que procure saber mais… 😉 Informações e inscrições em terrauna.com.br/gaiario2019 Texto publicado originalmente em https://medium.com/@tatileite
Crowdfunding ou Lei de Incentivo? Fique com os 2!
Desde 2014, através da lei do ISS-RJ, a Benfeitoria recebe o patrocínio cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro – apoio fundamental para conseguirmos manter a plataforma viva e potente, viabilizando tantos outros projetos de impacto. Foi com esse apoio, por exemplo, que conseguimos montar um plano de divulgação das nossas vídeo-aulas sobre crowdfunding. Olha que lindão o primeiro vídeo, que conta tudo sobre o que é e como funciona o crowdfunding (ou financiamento coletivo): E como nossa missão é BOTAR PRA FAZER, seja através do crowdfunding, seja através do ISS (ou ambos!), vamos te contar um pouco sobre como funciona essa lei – e como ela pode te ajudar. Vamos lá? O que é a LEI ISS-RJ? É uma lei municipal de incentivo a cultura (lei 5.553/2013), através de renuncia fiscal. Em resumo, através desta lei, empresas podem destinar até 20% do seu ISS-RJ para projetos culturais aprovados pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O que é maravilhoso nisso: 1) Essa é a única lei do Brasil que não demanda desembolso algum do patrocinador. Ou seja: patrocinadores têm a oportunidade de gerar impacto e ganhar contrapartidas que interessem à marca com risco zero, custo zero – e pouquíssimo investimento de tempo. Ou seja: um super incentivo para quererem e poderem patrocinar seu projeto! 2) Para o/a produtor/a cultural, ela é razoavelmente flexível vs outras leis. E a equipe da secretaria de cultura é suuuper solícita. Sério, não estamos puxando saco: não tem e-mail sem resposta. E se ligar agora para o fixo: uma PESSOA vai te atender na hora. O que é mala? 1) O processo é lento e burocrático e, até agora, acontece em janelas bem definidas do ano. Além disso, você se inscreve em um ano para receber o patrocínio no ano seguinte. Ou seja, é preciso se planejar e ficar de olho no calendário. 2) Como cada vez mais empresas procuram esta lei e há um teto de renúncia fiscal (R$51milhões ano passado), todo ano, há um corte em cima daqueles 20% que a lei, em tese, permite que empresas repassem a projetos incentivados. Com isso, esse corte fica cada vez maior. Em 2017, foi em torno de 50% e, em 2018, mais de 70%! Ou seja: os 20% viraram menos que 6% (*_*) Ainda assim, é potente para projetos! Ok, e como ela funciona?? Nesta lei, tanto vc tem que inscrever seu projeto em um edital para que eles se torne apto a captar, como o patrocinador tem que se inscrever em outro edital para que esteja apto a investir. O repasse financeiro é só feito no ano seguinte ao edital (no caso, 2020). Em resumo, normalmente é assim: Maio: produtoras culturais inscrevem seus projetos (1 mês de duração) O edital não é tão complexo, mas demanda planejamento e algumas boas horas de trabalho. Reserve pelo menos uma semana para isso para ter tempo de tirar dúvidas ao longo. Fique de olho no site da prefeitura, pois divulgam os editais por lá e cursos / encontros de capacitação: http://www.rio.rj.gov.br/web/smc/fomento-indireto Agosto: empresas patrocinadoras se cadastram no edital (1 mês de duração) O Cálculo dos 20% é feito com base no ISS pago do ano anterior. Ou seja: quem se inscrever esse ano vai poder, em 2020, investir em projetos até 20% do ISS pago em 2018. Pegou? 😉 Dezembro: Assinatura dos termos de patrocínio Ou seja: data limite para vc convencer um (ou vários) dos patrocinadores registrados a investir em seu projeto. Mas comece beeeeem antes (abaixo, falo mais sobre isso) e se prepare para a papelada. São MUITOS documentos solicitados. Mas no edital, fica claro, desde o começo, quais serão. Ano seguinte: Repasse financeiro do ISS das empresas para o projeto + implementação do mesmo ao longo do ano Ponto de atenção: uso de dinheiro público precisa ser gerenciado com cuidado, claro. E é nota a nota! Você terá que prestar contas ao final e esse acompanhamento é rigoroso. Os CNAEs de cada nota precisarão ser compatíveis com as respectivas rúbricas de orçamento aprovadas. Então aquele seu amigo que é um super designer-programador-e-ator, mesmo que tenha talento e excelente entrega em tudo, só poderá trabalhar no seu projeto na função compatível com o CNAE da sua Nota Fiscal. Pegadinha: não é certo quando os repasses irão começar (teve um ano que foi em dezembro!). Então ou você espera e, eventualmente, atrasa seu projeto, ou vc precisa ter caixa para antecipar as despesas aprovadas e depois pedir reembolso. DICA DE OURO, para finalizar: Se seu projeto for aprovado, você pode (e deve!!) tentar trazer um patrocinador que ainda não conhece a lei para seu projeto. Ou seja, apresentar para ele essa oportunidade antes de agosto (quando ele deve se inscrever). Como a burocracia é mala, por aqui, a gente sempre oferece ajuda com dicas e prazos do que fazer para inscrição completa no edital. Abaixo, temos um exemplo de e-mail sedução que mandamos, depois de um call/café sobre o projeto em si, claro: ***** Oi querida! Tudo bem por aí? Como falamos, envio em anexo a apresentação do Mirabolatório, projeto que aprovamos (sim! saiu ontem o resultado final!! \o/) na Prefeitura para captar de empresas interessados em destinar parte do seu ISS-RJ para projetos culturais. Ou seja: investir em cultura sem desembolso algum! Modéstia à parte, o convite é irrecusável – e super simples! O projeto é lindo, mega benfeitor, hiper flexível em termos de timing e contrapartidas – e ainda podemos te ajudar com toda parte burocrática do processo. A única questão agora é: PRAZO! Para poder usar esta lei de incentivo, empresas patrocinadoras precisam se inscrever no site da prefeitura até 31/agosto. Mas a inscrição é mega simples e rápida. =) Vocês só precisam levantar os 5 documentos abaixo e indicar o valor referente a 20% do ISS pago pela empresa em 2017 (competências entre Dez/16 e Nov/17). Este será o valor-base para o cálculo do Incentivo Cultural máximo a ser concedido à empresa em 2019. (Mas atenção: apesar da lei permitir que empresas destinem 20% do ISS-RJ para projetos aprovados no edital, é esperado para este ano um corte de, pelo menos, 50% – ou…
Benfeitores sem censura
Ah, o poder de uma chamada. Há tempos conhecemos o poder da comunicação. A Benfeitoria começou a partir do sonho de usar esse poder em prol de mudanças significativas. “Reduzir barreiras de engajamento”, “tornar o cuidado e a colaboração algo tão fácil e sexy quanto o hábito de compra”, “inspirar pessoas de bem a virarem benFEITORAS / benfeitores saindo da intenção para ação”… Só sonho lindo! E hoje, dia 28 de abril de 2016, esse sonho – que evolui coletivamente todos os dias – completa 5 anos de pura realidade. As conquistas são muitas, os aprendizados também. Alguns emocionantes, alguns deliciosos, outros dolorosos… mas todos valiosos. E a maioria, compartilhável. Por isso, em vez de escrever sobre o impacto que geramos juntos e agradecer aos mais de 100mil benfeitores incríveis de jornada (e até alguns não tão incríveis, mas que nos fizeram amadurecer), resolvemos nesse aniversário iniciar uma sequência de posts compartilhando insights e histórias por trás dessa trajetória para que eles possam inspirar e facilitar a jornada de outros empreendedores (de si ou de um projeto). Afinal, nunca houve tanta glamourização do “largar tudo para empreender com propósito” – ou do”hackear a vida”, como muitos de nós gostamos de falar. E isso tem uma lado bom, pois acaba atraindo e realizando mais e mais pessoas maravilhosas, mas tem uma lado perigoso e, às vezes, cruel, por conta de tantos mitos e meias verdades que a gente alimenta sem perceber – e que acabam iludindo muita gente. Sim, vamos falar disso. Brincamos com o “Sem Censura”, porque a ideia é vulnerabilizar mesmo. Então além de “dicas-sucesso”, vamos abordar as dores, delícias, desabafos, dúvidas, desafios (e outras coisas que vc pense com a letra D, rs) desse caminho, passando por questões gerais e pessoais, como os desafios de empreender em casal; de virar mãe/pai no caminho e [tentar] conciliar a jornada; de empreender num país como o Brasil. Além de empreender numa área ainda tão pouco compreendida; de exercitar o desapEGO. de tentar equilibrar competição e colaboração; de falar e lidar com dinheiro em um contexto social; de tentar cuidar de um (ou de si), sem descuidar do todo; de buscar empreender em rede sem ter muita referência de como fazer isso; de falar em um mundo melhor e às vezes duvidar dele; de querer promover um Reboot nos outros e perceber que você ainda precisa de muitos… Muita coisa. Confesso que não tenho ideia de como serão os próximos posts (esse saiu TOTALMENTE diferente do que imaginei ao abrir o computador), nem o engajamento que vão gerar – se é que alguém vai ler. No mínimo, vai ser uma boa terapia para mim e outros integrantes e ex integrantes da Benfeitoria que venham a colaborar aqui. E como é nosso aniversário, não deixa de ser um presente bonito para todos os benfeitores. 🙂 Originalmente pensei em escrever os Top10 aprendizados, fazer artes lindas para cada um, transformá-las em camisetas, depois quem sabe em um mini doc… hehe. Mas como “benFEITO é melhor que perfeito“, nosso atual lema (e de muitos empreendedores!) e tema do próximo post, começamos por esse post-teaser do que vem por aí. Um convite para nos falarmos mais tarde. E por hoje é só. [Não, mentira!! Hoje já lançamos uma nova id visual, o site todo reformulado (sim, e bonitão – que bom que você notou!), aprimoramos o programa sócio benfeitor, fechamos um novo matchfunding para a economia colaborativa e… agora vamos sair para celebrar! \o/ Ah! E antes que esqueca: peço desculpas aos que vieram achando que iam ver fotos sensuais ou ler tuuuudo que aprendemos nos 5 anos, em 5 min (impossíveeel). Se não desistiram no primeiro parágrafo e chegaram até aqui é porque valeu o uso da chamada apelativa, rs. Se tiverem alguma sugestão de assunto a ser abordado nessa sequência não-definina-nem-muito-bem-planejada-de-posts, por amor escrevam! Beijos e abraços em todos os benfeitores- e até a próxima!
Por uma economia que sustenta a vida
Há pouco mais de um mês fui convidada para falar da Benfeitoria no Sustainable Brands Rio, um evento que reúne centenas de empresas interessadas em tornar-se mais sustentáveis, de forma inovadora. O tema do evento era “HOW NOW” (como fazer isso agora!) e minha palestra precisava ser sobre como as marcas poderiam se conectar com as necessidades da sociedade. Como podem ver abaixo, em vez de mergulhar em um ou dois cases da Benfeitoria, optei por falar sobre o que está por de trás de tudo que fazemos – e como esse pensamento poderia ajudar as empresas ali presentes a se tornarem mais sustentáveis, no curto e no longo prazo. As demais palestras do evento também estão disponíveis online gratuitamente para quem quiser assistir, mas queria aproveitar esse espaço para aprofundar (o tal do drillability ao qual me refiro na palestra) sobre a importância de trazermos grandes empresas e instituições tradicionais (inclusive governamentais) para dentro dessa “nova economia” que queremos fomentar. 1) TEMPO E ESCALA: não podemos nos dar ao luxo de esperar uma revolução apenas de baixo para cima. Ela está acontecendo, é poderosa e linda – a gente sabe, vive e fomenta muitas dessas manifestações diariamente -, mas como demonstra brilhantemente Jason Clay, vice-presidente da WWF, em sua palestra no TED “Como grandes marcas podem ajudar a salvar a biodiversidade”, usar o poder de grandes instituições a favor dessas transformações positivas que todos queremos (pelo menos todos que lêem esse blog, rs) é fundamental para trazer velocidade e escala para essa mudança. 2) KNOW-HOW: grandes empresas não chegaram onde chegaram por acaso. Elas desenvolveram um nível de profissionalismo incrível, em toda cadeira produtiva. Eu sei que a lógica predominante nesses organismos ainda é a de escassez (e é aí que acho que temos que trabalhar para mudar!). Mas sei também que uma mentalidade de abundância sem metodologia, muitas vezes gera desperdício (e desgate emocional) num nível ainda mais intenso do que cria abundância. Então acredito profundamente em parcerias que tragam mais profissionalismo para modelos conscientes e consciência para modelos “tradicionais”. Projetos que unem essas duas inteligências, além de gerar impacto pontual ao qual se propõem, acabam inspirando outras iniciativas com o mesmo modelo, como o Matchfunding Natura Cidades, que em breve será replicado para outros temas com outros agentes de fomento (entre eles, o próprio Sustainable Brands, como falado na palestra). 3) COERÊNCIA: se estamos lutando por uma sociedade mais humana e colaborativa, não podemos replicar a lógica excludente, maniqueísta e às vezes arrogante de achar que empresas e instituições tradicionais não podem ou não merecem se associar ao mundo colaborativo. Como diz Charles Eisenstein, nesse vídeo sobre seu documentário Occupy Love, “não é sobre os 99% contra 1%” – frase que inspirou minha palestra no TEDx, em 2012, por sinal. No fundo, empresas são feitas de pessoas. E esses profissionais são, na maioria das vezes, pessoas incríveis (e extremamente competentes!), que também estão insatisfeitas com o mundo e querem fazer algo para mudá-lo. 4) FAZ SENTIDO: com o avanço exponencial da consciência coletiva de que novos modelos de vida em sociedade são necessários, urgentes (e possíveis!), colocar o propósito no coração do negócio (core business) – e não de um projeto pontual e/ou à parte, como os departamentos de responsabilidade social, que muitas vezes legitimam a irresponsabilidade dos demais –, passa a ser um bom negócio, não “apenas” um negócio do bem. Isso requer uma abordagem profunda (drillability) e disruptiva às novas demandas do mundo e pode ser um caminho legítimo, inteligente e sustentável para grandes empresas manterem sua relevância cultural no longo prazo – tanto entre público externo, como interno, já que o propósito é um dos três pilares da motivação no trabalho. Penso que marcas como Coca-Cola e Itaú, que se tornaram ícones do modelo vigente de capitalismo (com seus méritos e desméritos), têm a oportunidade (e responsabilidade!) de liderar um movimento robusto entre instituições de grande porte para a construção coletiva de um outro modelo: mais justo, sustentável, desejável – e viável. Pode parecer utopia nas minhas palavras, mas tenho acompanhado de perto evoluções significativas desse pensamento dentro da própria Coca-Cola (onde trabalhei por 8 anos) e de várias outras empresas nacionais e internacionais. Em um artigo recente que escreveu para a Folha, Xiemar Zarazúa, presidente da Coca-Cola no Brasil, afirmou: “não é suficiente financiar boas iniciativas econômicas ou sociais, que somam na periferia, mas não no DNA da empresa”. É disso que estou falando. Precisamos ir no DNA. E reconhecer isso é o primeiro passo. É claro que colocar o propósito verdadeiramente no centro do negócio não é um trabalho fácil nem rápido para uma empresa tradicional. Esse movimento requer intenção, atenção, (colabor)ação – e ousadia. Requer calma e, ao mesmo tempo, urgência. Requer CUIDADO AO AGIR. E é assim que, aos poucos, estamos cocriando esse caminho com vários outros empreendedores e intraempreendedores sociais… Faz sentido para você?
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