Arquivo de categorias para "Colaboração e Criatividade"
Mulher: Trabalhe com(o) uma
Neste dia da mulher, já somos 54% do time da Benfeitoria e contando… Há poucos meses atrás esse era um pensamento que rondava minha cabeça: “imagina que incrível trabalhar um dia em uma empresa onde a igualdade de gênero é uma realidade! Hmm, quem sabe daqui há uns 10 anos”. Corta a cena para junho de 2019: comecei na Benfeitoria em um momento de crescimento, junto comigo entraram mais 4 mulheres e hoje somos 54% do time. E vai além do equilíbrio no número de funcionários – aqui a palavra cuidado é a base da cultura interna e isso é fundamental para que possamos falar sobre esse tema com a profundidade necessária. Infelizmente, a importância da igualdade de gênero no mercado de trabalho está longe de ser integralmente compreendida, quanto mais colocada em prática. Desde que a nova onda feminista ganhou força nos últimos 5 anos, o assunto foi aos poucos ganhando espaço também dentro das empresas. O aumento da consciência sobre o abismo entre homens e mulheres no mundo corporativo fez com que surgissem diversas iniciativas para correr atrás de um prejuízo de décadas. No entanto, as mudanças são muito lentas e muitas vezes superficiais. Segundo o Fórum Mundial Econômico, vai demorar 100 anos para que a diferença salarial desapareça, por exemplo. 100 ANOS! 1 SÉCULO! Será mesmo que precisamos esperar tanto tempo? Ir na raiz do problema pode agilizar esse processo. Mas, é incômodo porque necessariamente toca em pontos que ultrapassam o dia a dia do trabalho: divisão de tarefas domésticas, responsabilização e cuidado compartilhado de filhos, maternidade real, abandono paterno, relacionamentos abusivos, síndrome da impostora, assédio moral, violência contra mulher, entre muitos outros. Ué, mas precisamos falar de tudo isso para ter igualdade de gênero no trabalho? Não basta contratar mais mulheres, equiparar salários e apoiar as mulheres para que cheguem a cargos de liderança? Sim, isso é fundamental! Entretanto, esse é só um dos passos. É sempre bom relembrar que não somos números, somos humanos. Não existe igualdade de gênero no trabalho isoladamente do que acontece nas outras áreas da nossa vida. Não existe porque sem uma transformação profunda, não há sustentação. Estamos falando de um país onde 5,5 milhões de pessoas não tem nem sequer o registro do pai na certidão de nascimento e existem 11,6 milhões de mães solo, segundo o IBGE. E nesse sentido é ainda mais incrível o que a Benfeitoria construiu e vem construindo. É aqui que entra o cuidado – difundido em tudo que fazemos – mas que nesse caso se faz presente em uma rede de mulheres conscientes e atentas, para o que acontece dentro e fora. Mulheres que constroem um espaço de escuta muito importante que eu nunca tinha visto nos outros lugares que trabalhei. Além disso, existe um afeto real e uma possibilidade de conciliar a vida pessoal, mesmo e principalmente, quando algumas situações te atropelam, viram tudo de cabeça para baixo e você precisa de tempo para se recompor. Há também a valorização da criação compartilhada de soluções que sejam melhores para todos. Tudo isso é fundamental porque mesmo que você não tenha a menor ideia, a mulher que está do seu lado provavelmente já viveu ou vive situações de assédio, violência e abuso psicológico. Ou então, não confia em si mesma porque cresceu escutando que nunca poderia conquistar nada por ser mulher. Ou simplesmente está exausta porque tem que cuidar de uma criança sozinha e trabalhar para sustentar a casa, enquanto lida com as feridas emocionais de ser mãe solo. Por isso, precisamos sim de mais espaço e valorização, mas muito além, é fundamental inundar todas as empresas com cuidado, escuta e afeto, sem nenhum medo de que isso nos torne menos profissionais. Na verdade, isso nos torna mais humanos e empáticos, qualidades hoje super valorizadas pelas empresas que já entenderam uma frase que eu amo de Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
#DoaRio – Campanhas para apoiar no Dia de Doar
Inspirados pelo Dia de Doar, criamos o Canal #DoaRio, ação que reúne projetos que desejam transformar a cidade do Rio num lugar melhor. Anota na agenda, no planner, serve até colocar o alarme no celular que na próxima terça-feira, 03 de dezembro, é Dia de Doar. Esse é um dia super especial para todos nós da Benfeitoria, dia de propagar a onda da mobilização do coletivo por todos os cantos da cidade. Mas antes da gente explicar como você pode começar fazendo a diferença hoje mesmo, sabe por que essa data foi criada? Onde tudo começou O Dia de Doar começou no Brasil em 2013, um ano depois da primeira edição, nos Estados Unidos. A partir de 2014, o Brasil passou a fazer parte do movimento global, que hoje conta com 55 países participando oficialmente, e ações sendo realizadas em mais de 190. Pelo mundo, o Dia de Doar tem nome de #GivingTuesday, que significa “terça-feira da doação”. A data surgiu como uma resposta ao consumismo promovida no período pela Black Friday. Como participar? O #DoarRio surgiu como junta de esforços para transformar a realidade da cidade, através de um grupo de organizações. Os cariocas são convidados a demonstrar seu apoio e seu amor pelo Rio, fazendo a sua doação para projetos locais. Uma verdadeira “Liga do Bem” no canal com mais de dez projetos com tema social e cultural voltado para crianças. Dentre eles estão: Instituto Phi, Instituto Desiderata, Saúde Criança, Rede Cruzada, Instituto Apontar, Instituto da Criança, Solar Meninos de Luz, Instituto Ekloos, Semeando Amor, Efeito Urbano, Instituto Mundo Novo, Sparta, Agência do Bem, Cia 2 Banquinhos e Educar+. Os recursos serão destinados ao financiamento dos projetos destas instituições, que vêm atuando em várias frentes, como saúde, geração de renda, educação, cidadania, cultura, direitos humanos e no fortalecimento do Terceiro Setor, atuando para a promoção do bem coletivo da população carente do Rio de Janeiro. Mas não perde tempo, viu, pois eles só ficam na plataforma até o dia 3 de dezembro, Dia de Doar. Clica aqui e colabore! (=
Favela Orgânica: cozinha inclusiva e criativa no Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira
Confira a história da Regina Tchelly, criadora do projeto favela orgânica, em entrevista para o Blog da Benfeitoria. Nunca se falou tanto em aproveitamento de alimentos como hoje, mas há oito anos atrás, quando o assunto parecia uma realidade muito distante, Regina Tchelly, paraibana de Serraria, teve uma ideia mirabolante e criou o Favela Orgânica. O projeto, que neste mês faz aniversario, aproveita cascas, talos, sementes; tudo aquilo que normalmente é descartado na culinária tradicional, e transforma em receitas criativas, saborosas e nutritivas. De 2011 pra cá, muita coisa rolou. Ao chegar no Rio, em 2011, Regina começou a trabalhar em uma casa como empregada, e ao ir à feira, se deparou com uma realidade muito preocupante (e infelizmente ainda atual), o desperdício. Não é à toa que ocupamos a décima posição entre os países que mais desperdiçam alimentos no mundo, segundo estimativa do Instituto Akatu realizada em 2016. Através desse cuidado com os alimentos, o projeto Favela Orgânica começou a ganhar forma, e as simples idas à feiras tomaram um rumo muito maior do que ela imaginava. A cozinheira começou a pedir aos feirantes os alimentos descartados, e a partir disso, começou a criar e ressignificar novos sabores, além das diversas formas de manusear os alimentos. Dessa forma, Regina descobriu uma nova relação com o alimento e a como ser uma “cozinheira diferente”. E a sua nova relação com a comida não parou por aí. Regina entendeu que a questão não era apenas alimentar e sustentável, como também social. Na esfera social – o favela orgânica contribui para a diminuição do desperdício – no sustentável, aproxima os pequenos produtores agrícolas da cidade e no cultural, questiona alguns hábitos bem presentes na mesa dos brasileiros. “Se não tem proteína na mesa, seja carne ou frango, não há fartura.” Tudo isso motivou Regina cada dia mais a ingressar de vez na gastronomia alternativa, que a tornou mundialmente conhecida pelas suas mais famosas invenções como o arroz colorido de casca de banana-verde. Para que o projeto Favela Orgânica continue existindo e valorizando uma comida de verdade, (sem rótulos, para todos e para todas as classes sociais), precisamos da sua ajuda. Esse ano o projeto enfrenta mudanças e desafios estruturantes, e por isso foi criada uma campanha de crowdfunding para torna-lo financeiramente sustentável. Clique aqui e mantenha as aulas sobre o ciclo da vida e ciclo do alimento – da origem ao fim – existindo para os moradores da Babilônia e do Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O favela orgânica é um projeto muito necessário para a sobrevivência do planeta. Regina Tchelly
Gaia Education O curso que, já no primeiro dia, mudou o rumo da minha vida.
Desde que começou no Rio, em 2009 (turma da qual eu e Murilo, por acidente ou generosidade de NSDF, participamos), o Gaia Education tem tocado profundamente todos que por ele passam. Não conheço um Gaiano ou Gaiana que não tenha se transformado depois do curso. E, hoje em dia (10 turmas e “uma Benfeitoria” depois), conheço muitos. Só gente muuuito especial. Nunca diria, no dia em que cheguei para fazer o curso, que seria isso tudo. Achava que era só um curso cool sobre sustentabilidade – palavra da moda, na época. Na véspera, eu e Murilo saímos na hora do almoço para buscar a mãe dele no Solar das Palmeiras, onde ela estava expondo algumas de suas pinturas. (minha sogra é um máximo! 😉 Lá vimos um cartaz: curso de design em sustentabilidade. Na época, trabalhávamos no marketing da Coca-Cola e estávamos querendo algo diferente pra nos atualizar… ligamos. “Oi, estou ligando a respeito do curso Gaia que começa amanhã. Ainda tem vaga? Sim Quanto custa? Depende”. Depende?? Como assim? Era a primeira vez que ouvia falar de valor solidário (e hoje a Benfeitoria trabalha com co-missão livre!). No dia seguinte, estávamos lá, eu e Murilo, 30 min atrasados, como sempre. Quando chegamos, tinha uma sala com 70 pessoas… dançando em roda. Não podia ser ali. Fomos para a outra sala, perguntamos pra o segurança, que confirmou: aquela era a turma do nosso curso de design em sustentabilidade. Na hora, pensamos em ir embora. “Bando de ecochatos”… Mas o pessoal começou a sentar e tinha lugar perto da saída [de emergência]. Então, já que estávamos ali já (e era longe de casa), decidimos ficar mais um pouco — não sem antes combinar de sair de fininho, caso ficasse chato demais. E aí começou. Entra em cena ninguém menos que May East, uma das mulheres mais extraordinárias que já tive a chance de testemunhar em ação, conduzindo uma turma daquele tamanho com absoluta maestria. Ela misturava dados científicos com insights humanos, tocando meu lado emocional e racional de forma tão sutil, ritmada e poderosa, que parecia um balé. Foi uma experiência transformadora e radical (mexeu na raíz) chegar lá com aquela empáfia, julgando a turma de ecochata, e sair tão impactada. Digo, até hoje, que foi o dia que mais mudou o rumo minha vida. Uma amiga querida um dia me chamou atenção perguntando se não foi o dia em que me tornei mãe. Não foi. O dia em que me tornei mãe foi um dos mais emocionantes, lindos e importantes da minha vida. Mas eu sempre soube que queria ser mãe. O Gaia despertou em mim desejos (e críticas) que não existiam até então. Sensibilizou meu olhar para o outro — e para o todo. Passei a ver (e buscar reparar) coisas que não via. Mudou, simplesmente, a minha forma de enxergar e atuar no mundo. Como? Eles tentam explicar mais aqui. Mas há coisas que não se explicam em um texto, metodologias ou certificados. E eles têm muitos: estão presentes em 54 países, são chancelados pela UNESCO, contribuÍram ativamente para a construção dos ODS das Nações Unidas… Algumas coisas, só vivenciando. Pois é na troca e entrega daquelas pessoas — seus sonhos, esperanças, medos e conhecimentos — que se forma algo quase mágico: um campo potente e seguro para a real (des)aprendizagem. A turma de 2019 começa semana que vem, dia 04 de setembro. Se você leu até aqui, talvez também seja um sinal de Nossa Senhora dos Fluxos (NSDF) para que procure saber mais… 😉 Informações e inscrições em terrauna.com.br/gaiario2019 Texto publicado originalmente em https://medium.com/@tatileite
Deu Matchfunding: Benfeitoria, Bando e Catarse juntos!
Pela primeira vez na história, Benfeitoria e Catarse, as plataformas pioneiras de financiamento coletivo do país, estão juntes em uma campanha de matchfunding liderada pela consultoria de crowdfunding Bando! O projeto “O Coletivo do Financiamento” é uma iniciativa do Bando para democratizar o financiamento coletivo. A ideia é conduzir a maior pesquisa já feita sobre o crowdfunding no Brasil! Com mais dados, teremos mais informação. E com isso, conseguimos analisar o setor e seus desdobramentos. Dessa forma, todo mundo sai ganhando: plataformas, pesquisadores, gestores públicos e, principalmente, pessoas que querem se aventurar pelo universo do crowdfunding para captar recursos e tirar suas ideias do papel! “Estamos juntos nesse projeto para que possamos realizar a maior pesquisa já feita sobre o financiamento coletivo no Brasil. Acreditamos que entender profundamente os detalhes do modelo permite que mais pessoas possam fazer campanhas melhores e maiores”. Murilo Farah, CEO da Benfeitoria Deu Matchfunding: seu apoio triplicado! Para que a pesquisa “O Coletivo do Financiamento” aconteça, o Bando está realizando um financiamento coletivo em formato de matchfunding com as plataformas. Ou seja, para cada real vindo das pessoas, Benfeitoria e Catarse colocam, cada uma, mais um real. A campanha acontece por meio do site ocoletivodofinanciamento.com.br e vai até o dia 22 de agosto. A meta é arrecadar R$ 45 mil, sendo R$ 15 mil das pessoas e R$ 15 mil de cada plataforma. Os apoiadores da pesquisa recebem recompensas exclusivas, como um caderninho com a metodologia de construção de campanhas do Bando, uma camisa “É mais crowd do que funding” e vagas em oficinas e cursos do Bando. “Reunimos um time de especialistas para ir em busca de conclusões relevantes que possam ajudar as próprias plataformas, pesquisadores, gestores públicos, entusiastas e futuros realizadores de campanhas de financiamento coletivo. Queremos conhecer melhor a comunidade do crowdfunding no país para democratizar o acesso à ferramenta”. Téo Benjamin, sócio-fundador do Bando A campanha está em reta final e, juntes, podemos bater essa meta! Clique aqui para apoiar a pesquisa e fazer parte desse movimento Coletivo!
Anima Mundi pode não acontecer esse ano
A Cultura está em risco mais uma vez. Por falta de financiamento, a 27ª edição do Anima Mundi pode não acontecer. O festival de animação, que é o maior da América Latina, perdeu o patrocínio que recebia da Petrobrás e agora aposta no crowdfunding. Para acontecer esse ano, o Anima Mundi precisa arrecadar, pelo menos, R$ 400 mil. Esse é o valor mínimo que o festival precisa para realizar suas sessões durante 05 dias no Rio de Janeiro e mais 05 dias em São Paulo. A dinâmica da campanha é o Tudo ou Nada. Ou seja, caso ela não bata a primeira meta, as colaborações são estornadas e o valor volta para quem apoiou. O crowdfunding como resistência Nós já falamos aqui sobre como financiamento coletivo pode ser uma ferramenta de resistência, como ocorreu na campanha do Queermuseu no ano passado. Mais uma vez, o crowdfunding surge como um convite para que a população possa resistir e ser protagonista na execução de projetos culturais. O Anima Mundi é um projeto importantíssimo para o nosso país e, todo ano, revela talentos da animação. São quase 30 anos de história e agora o festival precisa da sua colaboração para continuar existindo. E aí, você anima? Clique aqui para apoiar o Anima Mundi 2019! De olho nas recompensas Como aqui a relação é ganha-ganha, todo mundo que participa do financiamento coletivo, recebe uma recompensa como contrapartida. Ela pode ser simbólico, física ou uma experiência. O Anima Mundi entendeu que, através das recompensas, é possível construir junto com o coletivo e oferecer benefícios incríveis para quem é fã e resiste junto! Além de itens com a identidade visual do festival e de coleções passadas, vários artistas se juntaram para oferecer obras únicas como forma de reconhecer quem anima. Apoiar e garantir essas recompensas exclusivas e limitadas é a nossa super dica para quem é apaixonadx pelo mundo da animação. Mais detalhes sobre a campanha, clique aqui.
Consciência Negra, reconhecimento de potência
Antes de se tornar um dia de muita reflexão, o 20 de Novembro sempre foi muito festivo na minha vida. Minha mãe faz aniversário nesse dia, então sempre tem mais água no feijão nessa data, pois receber pessoas é algo que aprendi desde cedo na família. Consciência Negra é ajô, palavra de origem iorubá que significa “juntar”. E é justamente isso que se estabelece em qualquer manifestação de matriz africana e afro-brasileira, unir as pessoas. Ninguém faz uma roda de samba pra sambar sozinho, ninguém faz uma roda de capoeira pra jogar sozinho, ninguém cozinha uma feijoada pra comer sozinho, o Candomblé, o Jongo ou qualquer outra expressão que tenha origem negra se faz sozinho. A união é algo primordial e óbvio para quem é criado em ambientes matrilineares de quintais e terreiros. Comemos juntos, sofremos juntos, vencemos juntos, fracassamos juntos. Conceitos como privacidade e individualidade são menos importantes do que as relações e espaços de convivência. À luz do mundo moderno isso pode parecer muito ultrapassado, mas há muita riqueza na sabedoria que adquirimos com pessoas mais velhas. A Consciência não é coletiva por ser negra, ela é negra por ser coletiva. Os que vieram antes de mim lançaram as bases para evoluirmos ao ponto onde chegamos hoje, as gerações X e Y não inventaram a roda, e é arrogância demais não reconhecermos isso. Na escola quando aprendemos sobre monarquia, a visão que nos é ensinada é a europeia. Luís XIV, Fernando de Aragão, César Bórgia, D. João, uma infinidade de monarcas que significam pouco ou quase nada para o aprendizado em história de matriz africana. Para os povos de matriz africana, as referências são outras: Oxóssi rei de Ketu, Xangô rei de Oyó, Oxaguiã, rei de Ifé, e tantos outros do panteão Iorubá que são desconhecidos pela maioria do povo brasileiro, ainda que mais da metade da população seja negra. Histórias que morrem na educação oficial, mas que estão vivas nas memórias subterrâneas. O que isso tem a ver com financiamento coletivo? Muita coisa. O conceito de financiamento coletivo (muitas pessoas se reunindo para concluírem um determinado fim) é algo não só presente em todas as manifestações de matriz africana, como é o fôlego de vida de todas elas. Cada pessoa que contribui um pouco para que o almoço da família esteja na mesa, que a festa do filho seja um sucesso ou que a formatura da sobrinha traga alegria para a vizinhança é peça fundamental para solidificar os laços sociais, e isso não é criação das empresas de crowdfunding. A solidariedade é anterior a todo o processo de uma campanha de financiamento coletivo. Mesmo com toda desigualdade, falta de oportunidades e perspectiva, estamos florescendo. Não é a ausência que nos define, e sim a potência, o legado de saberes e fazeres que trouxemos para esse país. Há um provérbio iorubá que diz: “ORÍ ENI NÍ UM’NI J’OBA” – A cabeça de uma pessoa faz dela um rei. E é nisso que está nossa esperança, e esperança não no sentido de esperar, mas de esperançar; de continuar a luta por um lugar melhor. Apenas começamos.
Uma empresa que te incentiva a voar
Se você está em busca de um relato pessoal e quer saber mais sobre como uma relação humana com seus funcionários pode transformar a vida de uma pessoa, seja bem-vinda(o). “A gente quer te ver voar” Foi o que eu ouvi há 01 ano atrás, quando apresentei uma proposta louca de trabalhar à distância dos Estados Unidos e fazer um curso de Marketing Cultural. E a Benfeitoria não só quis me ver voar, como vem me ajudando alcançar diferentes sonhos desde o meu primeiro dia na empresa. Desde abril de 2014, quando fui contratada como estagiária, recebi suporte e apoio para conquistar os meus objetivos, dentro e fora da empresa. Percebi que o Cuidado e Confiança, uns dos valores da empresa, iam além do discurso: elas estavam presentes do dia a dia da empresa. E aqui estou eu, morando em NYC há 01 mês e seguindo o meu trabalho na Benfeitoria. Quando me mudei para cá, as pessoas duvidaram que eu continuaria trabalhando na mesma empresa, afinal dizem por aí que os Estados Unidos é um mundo de oportunidades. E, dentro de tantas oportunidades, percebi que nada é mais importante do que trabalhar com o que você acredita. Por isso estou aqui, escrevendo esse post para compartilhar com vocês que quando uma empresa te permite voar, você não quer ficar longe. Você vai, mas sempre querendo voltar e compartilhar os os novos aprendizados para um crescimento conjunto de equipe. Entrei na Benfeitoria em busca de estágio e encontrei propósito. Aqui, entendi que estar dentro de um lugar em que todos os funcionários acreditam na missão da empresa, isso te faz crescer como profissional; que estar em um lugar em que os sócios-fundadores entendem e incentivam que você tenha uma vida além do trabalho, te faz crescer como pessoa. E na Benfeitoria, quanto mais você cresce, mais espaço você encontra para inovar e fazer a Benfeitoria crescer junto com você. Para finalizar esse relato pessoal, só queria registrar que: Eu volto logo! <3
Ela não sai de mim
Amanhã a Benfeitoria faz sete anos. Há sete anos, decidi fazer meu primeiro projeto de financiamento coletivo com ela. Há cinco, decidi entrar para a equipe e dedicar a minha vida a ela. Há dois, decidi sair para buscar novos rumos. Hoje faço parte de um Bando que trabalha pelo desenvolvimento do financiamento coletivo. Junto com a Benfeitoria, batemos o recorde brasileiro no mês passado com a campanha Queermuseu no Parque Lage. Saí da Benfeitoria, mas ela não sai de mim. Dei para a Benfeitoria tudo que eu tinha: meu tempo, meu suor, meus sonhos, minhas ideias, minha dedicação e minha energia. O que recebi em troca foi infinitamente maior. Conheci novas pessoas, novos lugares, novos projetos, novas linguagens, novos repertórios, ações, conceitos, conhecimentos, redes, mobilizações, ferramentas, metodologias e técnicas. Me joguei na Benfeitoria. E ela mudou tudo na minha vida. Mudou, inclusive, minha maneira de me jogar nas coisas. Para mim, a Benfeitoria nunca foi um emprego. Nunca foi, na realidade, uma empresa. Talvez isso tenha nos levado a caminhos distintos. Afinal, no fim do mês, a conta precisa fechar para uma startup de tecnologia empreendendo em um ambiente de muita incerteza e volatilidade. A Benfeitoria é, sim, uma empresa. Uma ótima empresa! Cheia de gente competente, inteligente, honesta, batalhadora e criativa. Mas, acima disso, é uma missão. É um jeito de enxergar o mundo. E é por isso que ela não sai de mim. Mais do que a maior taxa de sucesso do mercado, o recorde do financiamento coletivo no Brasil ou o pioneirismo no financiamento Recorrente, a Benfeitoria é sobre a construção de um mundo diferente. Não necessariamente sobre mudar o mundo, mas sobre construir alternativas aqui e agora, na escala das nossas vidas, no nível das pessoas. Adoro a analogia da Amanda Palmer. Nas turnês da banda, ela costuma fazer couchsurfing, ficando hospedada no sofá dos fãs. Ela brinca que gosta de fazer crowdsurfing, se jogando do palco para ser carregada pela multidão. Além disso, bateu o recorde do crowdfunding na música em 2012 levantando quase US$1.2 milhão para um novo disco da banda. No final das contas, ela diz que couchsurfing, crowdsurfing e crowdfunding são a mesma coisa: se jogar no desconhecido e confiar que a multidão vai dar um jeito de te segurar. Empreender na Benfeitoria é exatamente a mesma coisa. São sete anos de estrada. Sete anos de aprendizados, desafios, dores, incertezas, conexões e muitas, muitas risadas. São sete anos se jogando no desconhecido e sentindo a multidão fazer a sua parte. A Benfeitoria é, acima de tudo, sobre pessoas se juntando para fazer coisas incríveis. Coisas impossíveis. Coisas irresistíveis. Somos essas pessoas. E somos bem mais numerosos do que se pode imaginar. Desculpem a invasão, Benfeitores. Aqui me sinto em casa.
Comentários